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Infectologista diz que perigo de contaminação está em toda parte em Porto Príncipe

postado em 17/01/2010 18:24

Rio de Janeiro - O infectologista Edmilson Migowski, médico do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, que já atuou em casos de soterramento e de enchentes com muitas vítimas, fez hoje (17) um alerta sobre a realidade do Haiti, seis dias depois do terremoto que pode ter vitimado mais de 100 mil pessoas: ;o que há de mais básico e elementar para a vida ; água de qualidade, saneamento básico e vacinação ; está comprometido no Haiti."

Segundo Migowski, água, saneamento e vacinação ; pilares da saúde em qualquer lugar ; são hoje no Haiti "carências ainda mais graves do que antes do terremoto, porque trata-se de um país pobre, com uma população historicamente desassistida;.

Migowski, que atualmente é major da reserva, aponta sobretudo a quantidade de corpos insepultos nas ruas de Porto Príncipe, a capital haitiana, como o maior risco de epidemias de leptospirose, raiva e doenças de diagnóstico menos fácil. ;A proliferação de insetos, principalmente moscas, além de ratos, gatos e cachorros, todos transmissores de males perigosos numa situação como a que vive o país, é mais do que uma ameaça. À medida que o tempo passa, é mais urgente, cada hora, a necessidade de sepultar ou incinerar os corpos que estão nas vias públicas.;

Pessoas com problemas de saúde limítrofes também correm mais riscos do que a população em geral, diz o infectologista, citando portadores de doenças neurológicas, psiquiátricas ou sexualmente transmissíveis e outras. ;As condições de vida no Haiti não nos permitem imaginar assistência médica pública minimamente confiável;, afirma Migowski, lembrando que, além de "a feitiçaria, como o vodu, ser prática muito popular, existe um arsenal de materiais e de práticas altamente comprometedoras para a vida, na atual situação;.

A imprensa internacional tem repetido os protestos de feiticeiros que reivindicam a realização dos rituais fúnebres para as vítimas de sua seita, apesar da impossibilidade de preservação dos corpos em locais e condições adequadas para esses ritos.

Finalmente, o médico acredita que, mesmo com as ruas da Porto Príncipe livres de todos os cadáveres, as ameaças permanecerão debaixo dos escombros, onde as equipes de resgate não chegaram. ;O próprio ar que se respira está contaminado por micro-organismos que se disseminam em ambientes como aquele. As pessoas usam máscaras sobre a boca e o nariz não só por causa do mau cheiro, mas para evitar a contaminação.;

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