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Em meio de saques e tiros Porto Príncipe tenta de voltar à normalidade

Agência France-Presse
postado em 22/01/2010 15:39

PORTO PRÍNCIPE - Em meio a saques, o centro de Porto Príncipe parece ter retomado sua vida normal, a ponto de alguns haitianos já estarem se preocupando mais com a aparência.

Em uma grande praça próxima ao destruído Palácio Presidencial de Champs-de-Mars, onde milhares de haitianos encontraram um refúgio, um jovem cabeleireiro trabalha na rua. "É a única coisa que posso fazer para ajudar a minha família: retomar meu trabalho", explicou Danache Metelus.

O cabeleireiro voltou a trabalhar na quinta-feira, no mesmo local onde estava no dia do terremoto. O preço de um corte de cabelo: 75 gourdes, o equivalente a dois dólares.

A cem metros dali, no bairro comercial, cerca de cinquenta haitianos saqueiam o que sobrou do supermercado "Topolino". Vários homens lutam por produtos de limpeza. A chegada da Polícia provoca pânico. Ouvem-se tiros. Um dos saqueadores é detido. A Polícia pede que esvazie seus bolsos e o agride com pauladas nas nádegas, enquanto seus amigos riem.

Não muito longe dali, outra equipe de policiais atira para o ar para afugentar os saqueadores. Alguns asseguram que um ladrão foi ferido pelos disparos da Polícia.

Colin Shiller, diretor da Central de Telecomunicações do Haiti, observa o caos diante de sua empresa em ruínas. "Aguardo um engenheiro para ver como podemos solucionar tudo isto. Não sei quanto tempo vai levar", disse.

É a terceira vez que volta a este lugar desde que o potente terremoto sacudiu o Haiti em 12 de janeiro. "A situação melhorou. As réplicas diminuíram, os ânimos melhoram", disse.

À frente dele, um caminhão escoltado pela Polícia recupera os eletrodomésticos da loja "Super home". A operação é conturbada: três policiais começam a discutir. Para espantar os saqueadores, dez homens armados com pedaços de madeira fazem a segurança de uma sorveteria. No interior, diante das geladeiras, haitianos fazem fila para comprar um sorvete.

"Começamos a vender sorvetes dois dias depois da catástrofe. As pessoas que vivem nas ruas compram muito. Vendemos muitos hoje, mas teremos que fechar por falta de energia elétrica", disse a caixa, Chale Delence. Colin Shiller, contempla o cenário e assegura: "cada dia que passa é uma nova vitória. O Haiti recupera suas forças".

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