postado em 24/01/2010 08:23
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, expressou ontem, durante uma visita ao Iraque, o desejo de ver eleições legislativas confiáveis no país, e tratou de conter a polêmica crescente sobre a expulsão ; considerada legal por Bagdá ; de candidatos ex-integrantes ou simpatizantes do partido Baath dos próximos pleitos. Biden desembarcou na noite de sexta-feira para neutralizar a crise provocada pela proibição imposta a 511 candidatos que já fizeram parte do quadro do partido de Saddam Hussein de participar das eleições de 7 de março.O governo americano está preocupado com a possibilidade de que a comunidade sunita, minoritária no Iraque, boicote as eleições em resposta à expulsão dos candidatos. A Comisssão Eleitoral alega que a lista das pessoas proibidas de participar da votação inclui tanto xiitas como sunitas. Porém, Washington quer evitar a todo custo que os sunitas se sintam marginalizados no processo político, o que poderia levar a uma repetição do cenário de 2005, quando muitos deles boicotaram as primeiras legislativas organizadas no país após a queda de Saddam Hussein e se juntaram aos movimentos rebeldes aliados da Al-Qaeda, mergulhando o país no caos e na violência. Foram necessários três anos de esforços, bilhões de dólares e o sacrifício de centenas de soldados americanos para trazer uma paz relativa ao país, onde os atentados, porém, ainda são frequentes.
Opinião
Preocupada em não se intrometer nos assuntos iraquianos, a Casa Branca afirmou que Biden foi a Bagdá somente para dar sua opinião. Biden disse que ;os Estados Unidos querem eleições justas, transparentes e que possam ser consideradas confiáveis tanto pelo povo iraquiano como no exterior, mas que o meio de conseguir tais eleições é assunto nosso;, segundo relatou o ministro das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari.
;Não vim ao Iraque para definir um acordo. O presidente Barack Obama e eu defendemos a aplicação do artigo 7; da Constituição, que proíbe o partido Baath;, afirmou Biden, segundo um comunicado publicado pelos assessores do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki. Ele reiterou que as expulsões não são dirigidas exclusivamente aos sunitas e estão conforme a lei. ;A aplicação da lei sobre a integridade e a justiça foi feita no respeito dos mecanismos constitucionais e legais, e vale para todas as listas de candidatos;, insistiu. O porta-voz do governo iraquiano, Ali Dabbagh, Maliki lembrou a Biden que os iraquianos recusam qualquer intervenção externa na resolução deste problema.
Os simpatizantes do Baath, acusados pelo poder xiita de estar por trás dos atentados dos últimos meses no Iraque são execrados pelo primeiro-ministro Maliki, que comparou sua exclusão à proibição do partido nazista na Europa após a Segunda Guerra. ;Não pretendemos nos reconciliar com os que consideram Osama bin Laden como um dos líderes muçulmanos;, avisou.
O governo de Obama quer que as eleições legislativas transcorram sem problemas para poder retirar suas tropas de combate do Iraque e enviá-las ao Afeganistão.