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Crise política em Honduras está perto do fim

postado em 25/01/2010 09:40
Na próxima quarta-feira (27/01), aproxima-se o desfecho da crise política hondurenha, com a posse do presidente eleito Porfirio Lobo. O destino de seus principais personagens, porém, permanece nebuloso. O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, continua na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Seu principal assessor, Rasel Tomé, disse ao Correio, por telefone, que a única coisa que está confirmada é que "Zelaya aceitou o convite do (presidente dominicano) Leonel Fernández". [SAIBAMAIS]Na semana passada, Fernández recebeu Lobo em sua residência oficial em Santo Domingo para acertar um acordo de salvo-conduto para Zelaya e a família dele deixarem Honduras, assim que Lobo assumir a presidência. Segundo o chamado "Acordo para a Reconstrução Nacional e o Fortalecimento da Democracia", Zelaya, os familiares e os integrantes de seu círculo mais próximo sairão do país como "hóspedes distintos". Eles pegariam carona com Fernández no retorno à República Dominicana, após assistirem a posse de Lobo. "Para mim, é um bom gesto de Porfirio Lobo para a reconciliação nacional, sinto que o faz para se desassociar da ditadura do (presidente interino) Roberto Micheletti", disse Zelaya. O acordo também liberaria o presidente deposto para partir de Santo Domingo ao país que preferir. "Zelaya permanecerá pouco tempo em Santo Domingo", afirmou César Ham, amigo de Zelaya e ex-candidato do esquerdista Partido Unificação Democrática. "Planeja ficar algum tempo na Cidade do México", completou. Segundo Ham, Zelaya "vai assumir a responsabilidade no parlamento centro-americano (Parlacen)" como deputado na condição de ex-presidente de Honduras. No entanto, a possibilidade de Zelaya vir ao Brasil não foi descartada. "A ida à República Dominicana seria apenas uma cortina de fumaça para que Zelaya partisse rumo ao Brasil", afirmou ao Correio, por telefone, uma fonte da diplomacia hondurenha. Procurado pela reportagem, o Ministério da Justiça ainda não pôde confirmar se existe ou não uma solicitação de refúgio ou asilo político para Zelaya. Fernández pediu à comunidade internacional para levantar as sanções contra Honduras, expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA) depois do golpe de Estado em junho de 2009, e para reconhecer o governo de Lobo. O ministro brasileiro de Relações Exteriores, Celso Amorim, declarou na semana passada que o país terá de decidir sobre a situação Zelaya até a data da posse e evitou dar um posicionamento. "O Brasil não reconhece governos, ele reconhece Estados com os quais mantém ou não relações diplomáticas. Nós vamos ver como as coisas vão se desenrolar nesse caso", afirmou. Personagens da novela hondurenha Manuel Zelaya Rico fazendeiro e empresário madeireiro, foi eleito presidente de Honduras para o mandato 2006-2010. Tentou mudar a Constituição e, em junho de 2009, foi deposto de pijama e enviado para a Costa Rica por uma junta militar. Conseguiu retornar ao país em um avião venezuelano e se abrigou na Embaixada do Brasil. Não conseguiu voltar ao poder, apesar do apoio da comunidade internacional. Ainda não respondeu às acusações de crimes contra o Estado e deve pedir asilo a algum país latino-americano. Roberto Micheletti Ex-presidente do Congresso hondurenho, assumiu a presidência de Honduras depois do golpe de Estado que tirou Manuel Zelaya do poder. Pertence ao Partido Liberal, o mesmo de Zelaya. Conseguiu que o Congresso lhe garantisse uma nomeação como deputado vitalício. Mas, por não cumprir o Acordo de San José e deixar o poder antes da posse de Porfirio Lobo, foi castigado pelo governo americano com o cancelamento de seu visto de entrada para os Estados Unidos. Porfirio Lobo Assim como Zelaya, provém de uma família de empresários agropecuaristas. Estudou administração em Miami e foi professor de economia e inglês em colégios hondurenhos. Foi presidente da Câmara de Deputados e candidato à presidência em 2005, mas perdeu para Zelaya. A elitista União Cívica Democrática (UCD) de Honduras acusa-o de não ter poder para emitir um salvo-conduto para o presidente deposto. Enrique Ortez O advogado foi o primeiro chanceler de Micheletti e ficou conhecido por sua falta de diplomacia. Fez pouco caso da comunidade internacional, ao afirmar que Micheletti era "presidente com OEA ou sem OEA". Referindo-se a Obama, disse: "aquele negrinho não sabe de nada".

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