Agência France-Presse
postado em 25/01/2010 17:07
Após a derrota democrata no Senado na semana passada, o presidente Barack Obama reuniu sua equipe econômica nesta segunda-feira para definir medidas a favor da classe média, assunto que deve dominar seu discurso sobre o Estado da União, na noite de quarta-feira no Congresso.Tradicionalmente, no discurso, o presidente anuncia para os americanos seu programa de governo para o ano. O primeiro discurso deste tipo para Obama adquire uma urgência particular logo após a derrota do dia 19 de janeiro.
Na ocasião, um republicano ganhou em Massachusetts a cadeira que Edward Kennedy ocupou durante quase meio século. A vitória do republicano tirou a maioria democrata no Senado, o que até então permitia evitar uma obstrução legislativa por parte da oposição republicana.
Esse resultado põe em banho-maria o ambicioso projeto de reforma do sistema de saúde apoiado por Obama, que na sexta-feira afirmou que continuará lutando para melhorar as condições de vida dos norte-americanos com dificuldades para pagar suas contas neste período de crise econômica.
Na reunião desta segunda-feira na Casa Branca com sua equipe chamada de "Força de choque para a classe média", organizada pelo vice-presidente Joe Biden, Obama explicou uma série de medidas destinadas a aliviar o peso no bolso sentido por famílias com crianças, estudantes ou idosos.
Entre as medidas, está um aumento das reduções fiscais para quem possui a guarda de crianças e para os aposentados, um limite máximo para os reembolsos de empréstimos estudantis e um aumento dos subsídios para as famílias que cuidam de idosos.
Mas, segundo a Casa Branca, esta reunião antecipa "um dos temas principais do discurso do presidente sobre o Estado da União - a criação de empregos estáveis, a redução do déficit e a luta pelas famílias de classe média".
"Lutamos todos os dias para que os americanos encontrem trabalho, para criar bons empregos e reforçar nossa economia a longo prazo", afirmou nesta segunda-feira o presidente, cuja gestão da economia foi criticada pela maioria dos americanos, um ano depois de assumir a presidência.
O desemprego constitui um quebra-cabeças para Obama e sua administração. Soma-se a isso o fato de que o país saiu da recessão no último verão, a economia perdeu 85 mil empregos em dezembro e a taxa de desemprego oficial se mantém em 10%. Chega a 17,3% a porcentagem da população economicamente ativa do país que não encontra trabalho.
"Os americanos de classe média são afetados em cheio pela crise econômica e trabalham cada vez mais para ganhar menos", declarou David Axelrod, um dos principais conselheiros de Obama, à rede de televisão CNN no domingo.
"Existe uma sensação de insegurança econômica e a Casa Branca planeja fazer todo o possível a curto prazo para gerar empregos e fazer a economia crescer", disse Axelrod.
Em busca de um efeito para alavancar o mercado de trabalho, Obama parece privilegiar agora medidas pouco custosas para o contribuinte. Com o déficit orçamentário nas alturas - cerca de 1,4 trilhão de dólares - a administração se mostra pouco disposta a preparar um novo plano de reativação como o de 787 milhões aprovado 11 meses atrás.
Criticando o que qualificou de "operação de relações públicas", o Partido Republicano pediu ações concretas a Obama. "Os republicanos propõem soluções de sentido comum para criar empregos para as famílias em dificuldade e para as pequenas empresas", afirmou o líder da minoria na Câmara de Representantes, John Boehner.