Agência France-Presse
postado em 26/01/2010 14:03
Um estudante de 28 anos morreu na madrugada desta terça-feira (26/01) em Mérida, oeste da Venezuela, em um protesto realizado depois da suspensão do sinal do canal RCTV, informou ao canal oficial VTV o governador do Estado, Marcos Díaz Orellana.
[SAIBAMAIS]Horas antes, outro jovem de 15 anos, Yosinio Carrillo, militante do Partido Socialista (PSUV, no poder), morreu baleado também em Mérida durante um confronto entre grupos de estudantes. O caos em Mérida deixou um total de 33 feridos, além de alguns veículos e imóveis incendiados.
Dezenas de estudantes venezuelanos foram às ruas na segunda-feira para protestar contra a medida que tirou do ar a rede RCTV e outros canais a cabo, punidos no domingo por não terem transmitido os dois últimos discursos oficiais do presidente Hugo Chávez.
Os estudantes bloquearam os acessos a várias universidades, entre elas a de Monteavila, onde foram dispersados com bombas de gás lacrimogêneo, informou a imprensa local. Duas pessoas teriam ficado feridas.
Em Miami, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) expressou desaprovação com a suspensão do sinal dos canais a cabo na Venezuela, e questionou a intolerância do governo de Hugo Chávez quanto à liberdade de imprensa no país.
O presidente da SIP, Alejandro Aguirre, disse que a entidade continuará "criticando e condenando as ações de um governo que há anos utiliza desculpas para aprovar leis intolerantes e contra a liberdade de imprensa para fechar meios de comunicação e limitar linhas editoriais críticas e independentes".
Os Estados Unidos também manifestaram preocupação nesta segunda-feira com a iniciativa do governo venezuelano.
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, a embaixada dos Estados Unidos em Caracas transmitiu a inquietação de Washington às autoridades locais.
No sábado a RCTV e outros canais, tiveram seu sinal suspenso por não terem transmitido, na íntegra, o discurso do presidente Hugo Chávez.
A RCTV já havia tido revogada a licença para emitir em sinal aberto em 2007, em meio a grandes protestos.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a Federação Internacional de Jornalistas, assim como Repórteres sem Fronteiras e outras ONGs criticaram a saída do ar dos canais na Venezuela.
A Comissão Nacional de Telecomunicações (CONATEL), dirigida pelo ministro Diosdado Cabello, havia solicitado às companhias de serviço de televisão a suspensão do sinal da RCTV e de pelo menos mais cinco canais.
A medida, que entrou em vigor à meia-noite de domingo, foi imposta pelo suposto descumprimento das normas que regem a Lei de Responsabilidade Social no Rádio e Televisão, após os canais se negarem a transmitir os discursos do presidente Hugo Chávez, disse a SIP, com sede em Miami.
Em maio de 2007, a RCTV foi forçada a concluir suas operações em televisão aberta, depois que o governo venezuelano não renovou sua licença.