WASHINGTON - O presidente Hugo Chávez castiga as redes de televisão que se recusam a transmitir sua agenda política pessoal, denunciou nesta terça-feira a ONG Human Rights Watch (HRW), após a suspensão da rede de televisão RCTV e outras emissoras a cabo na Venezuela.
"Durante anos, Chávez buscou intimidar e castigar as emissoras que criticam seu governo", disse em um comunicado o encarregado das Américas da HRW, José Miguel Vivanco. "Agora também quer sancionar aqueles canais que se negam a difundir sua agenda política pessoal", disse Vivanco.
[SAIBAMAIS]A RCTV, que critica fortemente o governo, e outras cinco pequenos canais de televisão a cabo, tiveram sua programação suspensa no fim de semana, após supostamente descumprirem uma lei que as obriga a transmitir as frequentes mensagens do presidente Chávez. A HRW considerou que o governo abusa de seu poder para impor a transmissão das mensagens do presidente.
Segundo números da ONG, desde que Chávez chegou ao poder em 1999 os meios de comunicação venezuelanos transmitiram quase 2 mil discursos, que "não se limitam a circunstâncias extraordinárias nas quais o governo precisa com urgência falar para a totalidade da população".
No ano passado, Chávez "obrigou as estações de rádio e televisão a transmitirem 141 discursos, incluindo um que durou 7 horas e 34 minutos", indicou a HRW.
Em 2007, o governo venezuelano não renovou a concessão da RCTV, que era transmitida em tv aberta, em uma decisão que provocou protestos. Desde então, a RCTV era transmitida a cabo e com sede em Miami.