WASHINGTON - A quantidade de membros amputados em vítimas do terremoto no Haiti tem poucos precedentes no mundo e deixará sequelas terríveis, considera a Handicap International, associação especializada na reabilitação de portadores de deficiência, que está presente no país.
"Milhares de pessoas tiveram membros amputados por causa da catástrofe. Em alguns hospitais vimos de 30 a 100 amputações diárias", disse nesta terça-feira o porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Paul Garwood, durante uma coletiva de imprensa em Genebra.
Muitos haitianos perderam um membro durante a queda de um edifício, outros sofreram uma amputação depois da necrose de um membro que ficou durante dias embaixo de escombros ou de blocos de cimento.
O conjunto dessas mutilações "supera o nunca visto", disse Ewndy Batson, diretora da Seção Norte-Americana da Handicap International.
Esta organização, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1997 por sua campanha contra as minas antipessoais, levou ao Haiti seus integrantes vindos da China e Paquistão, onde realizavam diversas missões humanitárias.
Menos de 48 horas depois do terremoto que provocou pelo menos 150 mil mortos e 194 mil feridos, a ONG enviou da França uma tonelada de equipamentos: cadeiras de rodas, próteses, muletas e bengalas.
"Estamos construindo uma base de dados (das pessoas amputadas) e estamos entregando o material necessário para que os ferimentos cicatrizem, colocamos próteses DynaCast, com uma duração compreendida entre quatro e seis meses", acrescenta Batson.
"Mas tendo em conta a devastação das infraestruturas médicas, as intervenções mais técnicas que permitiriam salvar um membro não podem ser feitas", indica. Nesse caso se decide pela amputação "para evitar que (os pacientes) morram de infecção".
Handicap Internacional prevê manter sua missão no Haiti a longo prazo, com a instalação de uma fábrica de próteses permanentes. Vários técnicos e um especialista já estão no país.