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Terremoto não afetou obras realizadas por militares brasileiros no Haiti

As obras realizadas ao longo dos últimos cinco anos pela companhia de engenharia do Exército brasileiro no Haiti praticamente não foram afetadas pelo terremoto que atingiu a capital do país, Porto Príncipe, no último dia 12.

;Mandei fazer um levantamento e quase todas as nossas realizações permanecem intactas. A exceção foi o Forte Nacional, o antigo quartel ocupado pelo batalhão brasileiro;, disse à Agência Brasil o comandante da companhia, coronel Delcio Monteiro Sapper.

O que parece um detalhe insignificante diante das dezenas de milhares de mortos e do número incalculável de feridos e desabrigados é um alento para os sobreviventes que continuarão se beneficiando de alguma das realizações da companhia brasileira. Caso das 32 crianças abrigadas no orfanato da Fundação Blessing Hands, construído em Croix-Des-Bouquets, subúrbio de Porto Príncipe. Ou dos futuros alunos da escola mista comunitária de Fejeat, que atenderá a 200 crianças da região de Mirebalais, a 45 quilômetros da capital. Ambas as obras foram concluídas com material doado pelos próprios militares.

É também um consolo para os brasileiros que não viram parte do trabalho de cinco anos se perder em poucos minutos. Segundo Sapper, desde que a unidade chegou ao país, em 2005 (quase um ano após o Brasil assumir o comando da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), em 2004), as realizações de seus sucessivos integrantes vão muito além do que prevê a missão institucional da companhia.

Embora oficialmente os 250 militares da companhia estejam no país para dar apoio às outras unidades da Minustah, cuidando, por exemplo, da desobstrução e da manutenção de ruas e estradas e da construção de poços artesianos para o abastecimento das tropas, eles também dedicam parte de seu tempo à recuperação da infraestrutura haitiana e a obras assistenciais que não só ajudam a minimizar o sofrimento de quem vive no país mais pobre do hemisfério Ocidental, mas também para que a presença militar brasileira não seja hostilizada pela população.

;Essa não deveria ser nossa principal missão, mas em decorrência das carências haitianas, temos que realizar esse tipo de trabalho complementar e que tem uma dimensão muito importante;, afirmou Sapper. De acordo com o coronel, passada as fases de resgates e de retirada de escombros e limpeza das ruas, a companhia brasileira deverá colaborar com a reconstrução da região afetada pelo terremoto.

;Ainda estamos na fase de levantamento dos prejuízos e dos recursos necessários, mas não há dúvida de que o volume de trabalho será imenso. O trabalho vai ter que ser complementado por muitos órgãos e empresas;, declarou o coronel, explicando que, certamente, a companhia brasileira terá que ser reconfigurada.

;Com o que já possuímos em termos de equipamentos e de homens é possível fazer muita coisa, mas certamente vamos ter necessidade de aumentar essa capacidade. Iremos solicitar meios ao Brasil. Antes temos que esperar que a ONU e o governo haitiano definam suas necessidades e prioridades para, então, solicitarmos os equipamentos adequados e a mão-de-obra especializada;, concluiu o coronel.