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Novo presidente hondurenho assume para reconciliar o país

postado em 27/01/2010 07:01
Honduras encerra hoje mais um conturbado capítulo de sua política com a esperança de reunificação - o país está dividido desde o golpe de 28 de junho que derrubou o presidente Manuel Zelaya. Os primeiros passos rumo à pacificação foram dados nos últimos dias. A República Dominicana garantiu salvo conduto ao líder deposto e aceitou abrigar Zelaya, refugiado há 128 dias na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. A Justiça hondurenha, por sua vez, liberou de responsabilidade penal os seis comandantes militares que participaram do complô. É nesse clima de aparente tranquilidade que o conservador Porfirio Lobo toma posse como o nono presidente civil eleito desde o fim do regime ditatorial de Policarpo Paz García, em 1982. A cerimônia será realizada no Estádio Nacional Tiburcio Carías Andino, onde Lobo receberá a faixa presidencial das mãos de Juan Orlando Hernández, o novo presidente do Congresso. A solenidade contará com as presenças do presidente dominicano, Leonel Fernández; do panamenho, Ricardo Martinelli; do taiuanês, Ma Ying-jeou; do vice-presidente colombiano, Francisco Santos; e de representantes dos Estados Unidos. Também hoje, existe a expectativa de que Zelaya e a mulher, Xiomara Castro, abandonem a representação diplomática brasileira e partam rumo a Santo Domingo no avião do presidente dominicano. Durante a tarde de ontem, a reportagem entrou em contato com Rasél Tomé, porta-voz do líder deposto, e foi informado que Zelaya só voltaria a falar hoje. Mais cedo, o ex-líder concedeu entrevista à Rádio Globo de Honduras e prometeu retornar a Tegucigalpa. "Minha ideia é sair e voltar um dia. Não sei quanto tempo vai se passar, mas sim, voltarei ao solo hondurenho." Por telefone, o advogado e deputado hondurenho Germán Leitzelar - do Partido Inovacción y Unidad Social Demócrata (opositor) - afirmou ao Correio que, a partir de hoje, o país está apto a enfrentar os problemas socioeconômicos. "Além dessa missão, Honduras precisará consolidar sua situação política, por meio de um processo de integração e reconciliação de todos os setores políticos", opinou. Em relação a Zelaya, Leitzelar defendeu uma saída dentro do marco internacional dos acordos sobre asilo. "Depois que ele se trasladar a outro país, poderá regressar a Tegucigalpa submetendo-se aos processos judiciais em vigor". Por sua vez, o analista político Jorge Yllesca Oliva, ex-diretor executivo da Receita Federal de Honduras, explicou à reportagem que Porfirio Lobo ainda não revelou as bases de sua proposta de governo. "Os desafios do novo presidente são muitos. Existe a pendência da formação de uma Comissão da Verdade para estabelecer a reconciliação nacional; a economia hondurenha está em colapso; e o país enfrenta um conflito social intenso por diferentes razões, incluindo o valor do salário mínimo", admitiu. Ouça podcasts com Gérman Leitzelar E com Jorge Yllescas Oliva

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