Gustavo Werneck/Estado de Minas
postado em 27/01/2010 09:34
As chuvas que causaram deslizamentos no Peru e bloquearam a rota de trem para as ruínas de Machu Picchu respingaram fortemente no Bairro Jaraguá, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. Desde terça-feira (26/01), o casal Pio Procópio e Sônia de Alvarenga está apreensivo com a falta de notícias da filha, a professora de literatura Lussandra Drummond de Alvarenga, de 31 anos, e do genro, o professor de química Maurício Amorim, de 41. Os dois deveriam chegar terça-feira à noite à capital mineira, mas, devido à interrupção da ferrovia, tiveram que prolongar a estadia numa pousada na localidade peruana de Aguas Calientes, "Eles telefonaram pela última vez na manhã de segunda-feira, e depois não conseguimos falar mais. Estou procurando notícias na internet, mas tenho cuidado, pois nem sempre há sites confiáveis", disse Pio, de 68, professor e corretor de imóveis.
[SAIBAMAIS]O casal, que leciona em dois cursos pré-vestibulares de BH, viajou, há 12 dias, para conhecer as maravilhas de Machu Picchu, um dos patrimônios da humanidade. "Desde o início da viagem, a minha filha se comunicava comigo por e-mail e depois parou de mandar mensagens. No último telefonema, ela contou que todo o sistema estava interrompido devido às chuvas e que eles estavam bem, apenas aguardando a hora de vir embora. Pela voz da minha filha, senti que ela estava tranquila", contou Maria Sônia.
Na tarde de terça-feira, ao olhar a foto de Lussandra e Maurício numa viagem de férias à Argentina, Sônia lamentou a falta de informações precisas: "Ouvimos no rádio que o Brasil vai mandar helicópteros para resgatarem todas as pessoas que estão lá. O Maurício deveria começar a trabalhar amanhã (hoje), então é uma situação difícil ". De olho na tela do computador, Pio disse que, no último contato telefônico, a filha contou que havia famílias estrangeiras, com crianças pequenas de 5, 6 anos, no vilarejo de Aguas Calientes.
Dinheiro
A maior preocupação do pai é com a provável falta de dinheiro. "O casal está no fim da viagem, então, você imagina, eles já podem estar sem recursos para pagar os dias extras na pousada, pois o período que eles quitaram anteriormente já expirou. Se isso ocorrer, eu disse para eles não saírem de jeito nenhum do hotel. Depois, acertam a conta". Lussandra e Maurício estão com cartões de crédito internacionais, mas, segundo o pai, não estão valendo muito nesses dias. "Tem um irmão do Maurício que trabalha num banco e me adiantou que estão sendo feitos entendimentos para atender os turistas brasileiros no Peru."
"Os dois são muito organizados, viajaram com tudo planejado, como fazem em todas as férias", disse Sônia ao lado do marido - o casal tem outra filha residente em São Paulo (SP). A frustração, no entanto, tomou conta do rosto da mãe, professora aposentada, que deixou o apartamento do casal bem arrumado para recebê-lo. Até um bilhete, "escrito de brincadeira", com a frase 'bem-vindos ao lar doce lar' foi posto sobre a cômoda da sala. "Se Deus quiser, logo eles estarão aqui. E quando eu peço, eu agradeço, como me ensinou a minha mãe". O Estado de Minas entrou em contato várias vezes com a pousada em que o casal está hospedado, mas a recepcionista disse que eles haviam saído bem cedo.