Agência France-Presse
postado em 28/01/2010 16:43
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, conquistou nesta quinta-feira, na conferência de Londres, o respaldo político e econômico da comunidade internacional a seu plano de reconciliação com os talibãs moderados - uma proposta que marcará "uma nova fase" em direção à "plena soberania" do país centro-asiático.
[SAIBAMAIS]Os 70 países e organizações participantes "acolheram com agrado" o plano de Karzai de "oferecer um lugar honrável na sociedade a quem estiver disposto a renunciar à violência", segundo a declaração final, e prometeram mais de 140 milhões de dólares para financiar o primeiro ano.
Para apoiar seu plano, que busca reinserir os talibãs moderados que abandonarem suas armas, Karzai anunciou aos participantes reunidos na Lancaster House a criação de um "conselho nacional pela paz, reconciliação e reintegração".
"Teremos que chegar a todos os nossos compatriotas, especialmente nossos irmãos desacreditados que não são parte da Al-Qaeda ou outra rede terrorista", declarou Karzai, que espera a colaboração do rei Abdullah da Arábia Saudita, de seus vizinhos, "em particular Paquistão", e da comunidade internacional.
Os participantes se comprometeram a criar um Fundo de Paz e Reintegração para financiar este plano, cujo custo está estimado em 500 milhões de dólares.
"Apenas hoje (quinta-feira) houve promessas de mais de 140 milhões de dólares para o primeiro ano do programa de reinserção e estamos comprometidos para que aconteçam", disse o ministro britânico de Relações Exteriores, David Miliband.
A comunidade internacional espera que este plano de reconciliação contribua para estabilizar o país, o que organizaria o caminho para uma retirada das forças estrangeiras mais de oito anos depois do início da intervenção.
Neste sentido, foi decidido que as forças afegãs assumirão as responsabilidades da segurança "o mais rapidamente possível", e em alguma províncias possivelmente no "final de 2010, princípio de 2011".
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, saudou esta reunião como o "início do processo de transição", mas insistiu que isso "não marcará o fim do nosso apoio ao Afeganistão".
Em uma entrevista feita antes do início da reunião, Karzai indicou que seu país precisaria de ajuda ocidental por pelo menos 10 ou 15 anos.
"Em relação ao treinamento e equipamento das forças de segurança afegãs, entre cinco e dez anos bastarão", explicou Karzai à BBC. "Mas para sustentá-las até que o Afeganistão seja financeiramente capaz de manter nossas forças, o prazo de estenderá para 10 ou 15 anos", acrescentou.
Na frente de seus aliados, o presidente afegão fixou o objetivo de "liderar a maioria das operações nas áreas inseguras do Afeganistão em um prazo de três anos e assumir a responsabilidade da segurança física em um prazo de cinco anos", sempre segundo um comunicado.
Karzai também deverá intensificar sua luta contra a corrupção, após sua polêmica reeleição em agosto, num pleito rodeado por fraudes.
Os participantes condicionaram um aumento de 50% dependendo dos progressos obtidos nos dois anos de ajuda diretamente destinada ao governo de Cabul.
A declaração final da conferência representa "um passo decisivo para uma maior liderança afegã para assegurar, estabilizar e desenvolver o Afeganistão".
A reunião, que será seguida por outra em Cabul ainda este ano, somou todos os atores do conflito, com exceção dos talibãs.
Além de estarem no centro das discussões, eles qualificaram a conferência de instrumento de propaganda.