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Brasileiros estão no fim da fila de resgate em Machu Picchu

postado em 29/01/2010 09:14
Belo Horizonte - Os brasileiros devem ser os últimos a serem retirados de Águas Calientes, no Peru. Depois de quatro dias de isolamento, resultado das chuvas que interditaram a ligação férrea entre o povoado e Cuzco, uma ordem de prioridade para o resgate imposta pelo governo peruano deve obrigar os brasileiros a permanecerem ainda alguns dias na região. Pela decisão, têm preferência doentes, idosos, crianças e mães. E a maioria dos turistas brasileiros, explicou o Itamaraty, é de jovens mochileiros. [SAIBAMAIS]Na quarta-feira (27/01), a estimativa do governo federal era que 180 brasileiros estivessem em Águas Calientes. Mas, atualizados os dados, constatou-se que o grupo é bem maior. Somados os viajantes que estavam nas trilhas a caminho das ruínas da cidade inca, o número, ainda extraoficial, subiu para 270. Caso necessário, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) será enviado a Cuzco para buscar os turistas que ficaram sem dinheiro. Com a melhora do clima, o trabalho de retirada dos turistas que permanecem na região foi acelerado ontem. A expectativa é que a operação de resgate(1) possa ser encerrada até amanhã. Até o meio da tarde, 595 peruanos e estrangeiros que estavam em Águas Calientes já haviam sido resgatados em 36 voos. Restavam ainda cerca de 1,5 mil pessoas presas no local. "Estamos ilhados aqui, sem saber que dia conseguiremos ir embora. Estamos recebendo comida do governo, café da manhã, almoço e jantar. A comida não é boa, tampouco é suficiente para matar a fome", relatou Tatiana Mitre à família, em e-mail enviado ontem de manhã. Recém-formada em cinema, a turista mineira viajou na companhia do namorado, Diogo Lisboa, e de um grupo de amigos. Assim como Tatiana, muitos turistas que estão na região próxima a Machu Picchu recorrem às comunidades de relacionamento na internet para relatar a situação em que se encontram. Eles contam, por exemplo, que por causa da falta de comida os comerciantes inflacionaram os preços de produtos básicos. Nas mensagens, Tatiana tenta tranquilizar a família. "Tem muita gente em situação pior, pessoas que perderam o avião de volta para casa, que vieram apenas com a roupa do corpo e tiveram que comprar outras aqui. E, pior, tem gente que não tem um tostão. Os brasileiros fizeram %u2018vaquinha%u2019 para ajudar os que estão com mais dificuldade", detalha a jovem. Segundo ela, a cidade é pequena e não comporta o número de turistas. "As pessoas estão dormindo em praças, ginásios, escolas, vagão de trem, barracas improvisadas. Todos estão muito angustiados", reforça a australiana Julie Nemcich, 29 anos. A empresa ferroviária Peru Rail, de capital britânico, informou ontem que a via entre Cuzco e Machu Picchu, que tem uma extensão de 110km, apresenta mais de 100 trechos afetados. A companhia não precisou quando voltará a funcionar com toda a capacidade. As chuvas que atingiram a região são as mais intensas dos últimos 15 anos e causaram, também, graves inundações na região de Cuzco, provocando pelo menos sete mortes.

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