CIDADE DO VATICANO - O Papa Bento XVI solicitou nesta sexta-feira (29/1) aos membros do Tribunal Eclesiástico da Rota Romana que evitem se pronunciar "a qualquer preço" a favor da anulação de casamentos.
O pedido do Papa foi feito aos magistrados do Tribunal durante uma audiência para marcar a abertura do ano judicial.
Bento XVI convidou os juízes eclesiásticos a abandonarem a necessidade de responder a "petições subjetivas" para conceder "a qualquer preço a anulação".
Os magistrados da Rota, um tipo de Tribunal de Cassação de última instância, eram conhecidos no passado por conceder com dificuldades a anulação - uma tendência que parece estar mudando.
Segundo os princípios da Igreja, a anulação do casamento católico faz com que o matrimônio nunca tenha existido, ainda que o casal tenha tido filhos e convivido durante anos.
Para os católicos que desejam se casar novamente pela Igreja, a anulação do casamento é a única esperança, já que o Vaticano proíbe o divórcio.
"Todos os que trabalham no campo do Direito, cada um segundo sua função, devem se guiar pela justiça. Penso em particular nos advogados, que devem prestar não apenas a máxima atenção à verdade das provas, mas também evitar cuidadosamente assumir a proteção de causas que, segundo sua consciência, não sejam objetivamente sustentáveis", disse o papa.
"É necessário deixar de lado sugestões pseudopastorais que situam as questões em um plano onde o que conta é satisfazer petições subjetivas e conseguir a todo custo a declaração de anulação, de modo a afastar, entre outras coisas, os obstáculos à concessão dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia", falou.
No ano de 2008 foram anulados 192 casamentos de um total de 1.118 pedidos feitos de todo o mundo aos Tribunais Eclesiásticos.
Nos casos mais famosos de anulações de casamento aparece o do ex-presidente da Colômbia, Julio César Turbay Ayala, que teria filhos maiores de idade, e o da princesa Caroline de Mônaco.