postado em 30/01/2010 18:00
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (30), em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que não se preocupa com eventuais críticas por ter se reunido com o ministro de Relações Exteriores iraniano, Manoucher Mottaki, para conversar sobre temas nucleares. Segundo ele, o papel do Brasil é colaborar para %u201Cencontrar uma solução%u201D para o diálogo entre o Irã e a comunidade internacional.
O encontro entre os dois chanceleres ocorreu no último dia 28. O governo iraniano é suspeito de produzir urânio enriquecido para fins nucleares. Oficialmente, os iranianos negam as acusações e afirmam que são denúncias infundadas.
%u201CNão me preocupo com repercussão [negativa sobre o encontro com Mottaki]. Evidentemente, até pela própria natureza dos encontros [bilaterais entre chanceleres], há temas delicados%u201D, afirmou Amorim, que está em Davos (Suíça) onde participou hoje de uma reunião informal de ministros dos países que integram a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em seguida, o chanceler acrescentou: %u201C[Nós trocamos ideias] com o espírito sempre de ajudar a encontrar uma solução. Isso não dependerá de nós, creio, encontrar uma solução, mas acho que podemos ajudar no diálogo.%u201D
Amorim não detalhou o conteúdo da conversa com Mottaki, mas disse que mantém diálogos semelhantes sobre temas nucleares com representantes da China e Rússia. %u201CNa parte nuclear, nós trocamos ideias como eu tenho trocado também com outras pessoas, como [representantes da] Rússia e China que estão envolvidos nessa discussão%u201D, disse.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, nega as acusações de produção de urânio para fins não pacíficos e destaca que a construção de uma usina %u2013 destinada à produção de urânio - no seu país segue as normas da Agência Internacional de Energia Atômica. Segundo ele, não há nada sendo mantido em segredo.
Ao receber Ahmadinejad no Brasil, em novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Irã poderia desenvolver pesquisas no seu programa nuclear com fins pacíficos e seguindo os acordos internacionais. %u201CO que nós temos defendido há muito tempo é que o Irã possa produzir urânio para desenvolvimento de energia%u201D, disse Lula.
Segundo o presidente brasileiro, as discussões sobre o desarmamento nuclear devem ser conduzidas ao mesmo tempo em que ocorrem debates sobre não proliferação de armas. Para Lula, é fundamental que Ahmadinejad busque apoio da comunidade internacional a fim de encontrar uma solução para o que chama de %u201Cquestão nuclear iraniana%u201D.