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Haitianos protestam contra falta de comida, emprego e segurança

Agência France-Presse
postado em 03/02/2010 16:54
Centenas de pessoas foram às ruas nesta quarta-feira em Porto Príncipe durante manifestação para para pedir trabalho, comida e segurança, constataram jornalistas da AFP. Cerca de 300 pessoas se reuniram diante da prefeitura de Pétion-Ville, ao sudeste da capital haitiana, perto da praça Saint-Pierre, onde milhares de sobreviventes do terremoto armaram um acampamento. [SAIBAMAIS]"O governo haitiano nada fez por nós. Não temos trabalho, nem comida", reclamou à AFP Sandrac Baptiste, que mora em uma das tendas montadas após o terremoto do dia 12 de janeiro. Poucos policiais foram vistos no caminho dos manifestantes, e os raros presentes foram hostilizados pela multidão. "Se a polícia atirar, vamos atear fogo", bradaram algumas pessoas. "Não queremos jornalistas aqui", gritaram outras, dirigindo-se aos fotógrafos e repórteres presentes. Vários tiros foram ouvidos na madrugada desta quarta-feira em Pétion-Ville, um subúrbio rico de Porto Príncipe. Os jornalistas que continuam na capital começaram a perceber um início de hostilidade. Pelo menos um fotógrafo foi esfaqueado e roubado terça-feira no centro da cidade. Outra equipe de repórteres, alojada em um hotel de Pétion-Ville, notou um indivíduo perguntando pelos números de seus quartos. Cerca de 50 pessoas já tinham se reunido ontem diante da Direção da Polícia Judiciária (DCPJ), onde o governo haitiano se instalou temporariamente. "Abaixo Préval", gritavam os manifestantes, referindo-se ao presidente do Haiti, René Préval, que pouco se dirigiu a seu povo desde o terremoto. "Não temos barraca. Não temos comida", reclamava um deles, Bousiquot Widmack, enquanto outros manifestantes que se diziam funcionários públicos se queixavam de não receber seus salários e de terem perdido suas casas no terremoto. Sábado, um grupo armado tentou, em vão, atacar um comboio de ajuda alimentar escoltado pela Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), anunciou a ONU na terça-feira. Associações e médicos continuam trabalhando 24 horas por dia para socorrer feridos e distribuir ajuda. "Há muitas pessoas que choram de dor, que sequer podem se mexer tamanho o malque sentem. O problema da dor está longe de ser resolvido", declarou à AFP o médico Alain Serrie, presidente fundador da organização Dores Sem Fronteiras. O Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou ter arrecadado quase 230 milhões de dólares para ajudar o Haiti, mas estimou o custo total de seu auxílio em mais de 800 milhões. "O mundo salvou muitas vidas no Haiti", comentou a diretora do PAM, Josette Sheeran. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, viajará para Porto Príncipe no dia 17 de fevereiro.

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