CIDADE DO VATICANO - O papa Bento XVI lamentou nesta segunda-feira (8/2) que inclusive na Igreja os direitos das crianças sejam violados, durante a Assembleia Geral do Conselho Pontifício para a Família. "A Igreja, com o passar dos séculos, seguindo o exemplo de Cristo, promove a garantia da dignidade e dos direitos dos menores e os atende de muitas formas", afirmou o Papa.
"Infelizmente, em muitas ocasiões, alguns membros, contradizendo seus compromissos, violaram esses direitos: um comportamento que a Igreja não deixou nem deixará de denunciar e condenar", enfatizou.
As palavras do pontífice foram pronunciadas no fim da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, adotada em 1989 e em vigor desde 1990.
Bento XVI, que reiterou na semana passada a oposição da Igreja Católica às leis a favor dos homossexuais, assegurou em seu discurso que "a família, fundamentada no matrimônio entre um homem e uma mulher, é a maior ajuda que se pode oferecer às crianças".
Bento XVI convocou para dia 15 e 16 de fevereiro no Vaticano o episcopado irlandês, acusado de encobrir abusos sexuais contra crianças feitos por padres católicos.
Vários escândalos com sacerdotes pedófilos apareceram nos últimos anos em diversos países, inclusive nos Estados Unidos, onde em 2002 foi descoberto que entre 4 e 5 mil sacerdotes abusaram sexualmente de 14 mil crianças e adolescentes durante décadas.
O Papa deve entregar aos bispos irlandeses uma Carta Pastoral, parecida com a que foi entregue para a Igreja norte-americana em 2002, após o grave escândalo de abusos sexuais no país.
Nela, indicará "claramente as medidas que serão tomadas" devido à grave situação, segundo adianta a imprensa italiana.
A carta deverá ser lida aos católicos irlandeses na quarta-feira de cinzas, no dia 17 de fevereiro.
O papa Bento XVI aceitou a renúncia em dezembro de quatro bispos irlandeses acusados de encobrirem o caso.
Um informe elaborado por uma comissão presidida pela juíza Yvonne Murphy concluiu em novembro, após três anos de investigações, que os responsáveis pela arquidiocese de Dublin protegeram os autores dos abusos e não os denunciaram à polícia por mais três décadas.