Agência France-Presse
postado em 08/02/2010 22:01
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decretou nesta segunda-feira emergência no país, devido à severa crise no fornecimento de energia elétrica pela qual passa - agravada pela forte seca e por um sistema em colapso.
Segundo o presidente, a represa de Guri, (sul), origem de 70% da energia venezuelana, "baixa todos os dias" e a situação chega a níveis críticos.
"Hoje (segunda-feira) baixou 13 centímetros. Não chove desde o início do ano, é a maior seca enfrentada pela Venezuela em 100 anos", afirmou o presidente na primeira emissão de um novo programa radiofônico "De repente com Chávez", transmitido por emissoras estatais.
"Vamos assinar este decreto de emergência no setor eléctrico (...) porque na verdade é uma situação crítica", disse o chefe de Estado.
Entrar em estado de emergência elétrica significa na prática que a questão se converte em prioridade e, com isto, se acelera a busca de recursos necesários para incrementar sua geração, destacou.
Segundo cifras oficiais, a demanda por energia elétrica na Venezuela - que cresce anualmente entre 6% e 8% - supera em 1.000 MW a geração diária, em torno dos 16.200 MW.
O governo venezuelano, que já aplica importantes restrições e penaliza grandes consumidores, prevê para 2015 duplicar a geração diária de eletricidade e chegar aos 30.000 MW, o que exigirá investimentos superiores a 15 bilhões de dólares.
Nesta segunda-feira, Chávez explicou que seu governo está adquirindo usinas termoelétricas chinesas aportando 2.700 MW ao sistema.
O presidente agradeceu, além disso, o apoio de "países amigos" como Cuba, Argentina, Brasil, Belarus e Líbia e anunciou a criação de um "Estado maior elétrico" para coordenar a cooperação internacional, formado pelo vice-presidente Elías Jaua, e os ministros de Energia Elétrica, Planejamento, Indústrias Básicas e Mineração, além de Energia e Petróleo.
Semana passada, a oposição venezuelana havia considerado um "insulto" a imposição de uma "comissão técnica" cubana, que prestaria assessoria ao país na busca de soluções para a crise no fornecimento de energia elétrica.
"Os cubanos tiveram problemas elétricos graves em outras épocas. Por isso a comissão técnica está agora conosco, comandada por um dos heróis da revolução cubana", anunciou o presidente Hugo Chávez, em referência ao comandante Ramiro Valdés, atual ministro de Tecnologia na Ilha.
No entanto, "este grande comandante da revolução, de 78 anos, jamais pisou numa usina elétrica", denunciou por sua vez Enrique Márquez, dirigente do partido opositor Un Nuevo Tiempo (UNT, socialdemocrata).
"É um comandante e o que fez foi levar um fuzil no ombro e governar Cuba com Fidel" Castro, afirmou. "É um insulto e temos que dizer assim com muita força porque esta violação à soberania é inaceitável", acrescentou em entrevista à imprensa.
Segundo Pedro Corso, presidente do Instituto Memória Histórica de Cuba, com sede em Miami (sudeste dos EUA), "Raúl Valdés foi comerciante de materiais elétricos em Cuba, de importação de eletrodomésticos". "Essa é a experiência que possui", afirmou.