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'Confiamos no Brasil', afirma embaixador do Irã

O embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, defendeu ontem o uso da energia nuclear e o enriquecimento de urânio para fins pacíficos. O diplomata rebateu a reação de países que condenaram o que chama de "desenvolvimento" do país e espera que o Brasil continue a respeitar o programa iraniano. "Nós confiamos no Brasil. Acreditamos que as autoridades brasileiras têm conhecimento da situação e da posição iranianas. O Brasil, ao contrário de outros países que tiveram fortes reações, não é um país que pensa em colonizar outro país", afirmou Shaterzadeh, em entrevista coletiva. [SAIBAMAIS]O embaixador confirmou que o trabalho de enriquecimento do urânio começará amanhã e será usado para "fins medicinais", para "agricultura" e para "produção de energia elétrica". "Estamos de acordo com as normas internacionais. Não violamos nenhuma regra e por isso não entendemos essa reação. Esses países devem primeiro destruir seus armamentos nucleares para depois darem conselhos para os outros", disse Shaterzadeh sobre os países que vem criticando o programa nuclear iraniano, como os Estados Unidos. Shaterzadeh também destacou que o Irã continua disposto a comprar urânio enriquecido de terceiros países e que o enriquecimento nacional surgiu pelas restrições impostos ao comércio do mineral com seu país. "O Irã resolve suas próprias necessidades e não fica esperando", disse. "Se não impuserem condições, estamos dispostos a comprá-lo." O embaixador concluiu que o futuro está baseado na energia e se passa nos países independentes. "Irã e Brasil são dois países com grandes recursos naturais e, desde já, terão grande papel internacional", destacou. Em 23 de novembro de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu em Brasília o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, em uma visita na qual Lula reconheceu o direito iraniano de executar seu plano nuclear para fins pacíficos. "Reconhecemos o direito do Irã de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos e com respeito aos acordos internacionais, e esse é o caminho que o Brasil vem trilhando. Não proliferação e desarmamento nuclear devem andar juntos. O Brasil sonha com um Oriente Médio livre de armas nucleares, como ocorre na América Latina", defendeu Lula.