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Cientistas fazem propostas para o futuro do IPCC

Agência France-Presse
postado em 10/02/2010 15:47
Após uma série de polêmicas, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) deve reforçar seus procedimentos, evoluir e, inclusive, se transformar profundamente, avaliam vários cientistas que contribuíram com seus trabalhos. Em um artigo publicado nesta quarta-feira (10/2) na revista científica Nature, intitulado "O IPCC, devemos honrá-lo, transformá-lo ou suprimi-lo?" (em tradução livre), cinco cientistas fazem propostas que vão desde uma maior frequência na publicação à criação de um instrumento que permita um "debate aberto" do tipo Wikipedia. Mike Hulme, da Universidade de East Anglia (Grã-Bretanha), considera que está claro que as estruturas e os procedimentos do IPCC estão "caducos". O cientista propõe que ele seja dissolvido após a publicação do próximo informe, previsto para 2014, e substituído por três entidades diferentes: a primeira, encarregada dos conhecimentos científicos, publicaria regularmente sínteses sobre o estado das pesquisas; a segunda se dedicaria ao estudo das repercussões regionais; e a terceira às respostas políticas possíveis. Thomas Stocker, da Universidade de Berna, considera que, em meio a um debate frequentemente apaixonado, o IPCC não deve de nenhuma maneira "ceder à pressão" de publicar cada vez mais rápido, e deve reivindicar sem complexos a elaboração de um informe cujos tempos são diferentes das ONG, das instituições ou dos grupos de pressão. Eduardo Zorita, do centro de pesquisas GKSS de Hamburgo (Alemanha) estima que o IPCC ocupa hoje "um espaço confuso entre a ciência e a política" e sugere que ele seja transformado em uma agência independente, citando o exemplo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Na opinião de John Christy, da Universidade do Alabama (EUA), a única maneira de mostrar "a heterogeneidade dos pontos de vista científicos" seria criar uma espécie de "Wikipedia-IPCC". "O resultado seria mais útil que grossos livros e ofereceria uma representação mais honesta" do debate científico, disse.

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