Agência France-Presse
postado em 11/02/2010 16:31
A condenação a 30 anos de prisão do ex-ditador uruguaio Juan Bordaberry alegrou nesta quinta-feira (11/2) os defensores de direitos humanos, que acreditam que o caso se torne um exemplo nos julgamentos por golpes de Estado na América Latina. "Para nós, o assunto é emblemático, simbólico: quando se viola a Constituição, quando se dá um golpe de Estado em larga escala, isso acabará sendo pago algum dia;, disse a advogada de acusação Hebe Martínez Burlé à AFP.Bordaberry, de 81 anos, que cumpre prisão domicilar devido a problemas de saúde, é acusado em outro processo como coautor de homicídio: a execução de quatro uruguaios na Argentina, em 1976. A juíza Mariana Motta o condenou em primeira instância a 30 anos de prisão com a opção de prorrogar a pena por mais 15 anos.
A condenação - a que a defesa de Bordaberry deverá apelar - é relativa a "um crime de atentado contra a Constituição, (...) com nove acusações de desaparecimento forçado e duas de homicídio político", segundo a sentença. Isto "devolve aos uruguaios o mais sagrado, que é a Constituição", disse Martínez Burlé. "As condenações foram sempre por violações aos direitos humanos e corrupção, mas nunca por um golpe de Estado", acrescentou.
Bordaberry venceu as eleições presidenciais no Uruguai em 1971, em meio à violência política pela atuação da guerrilha esquerdista tupamara e a repressão das forças do Estado.