Agência France-Presse
postado em 12/02/2010 15:33
O presidente brasileiro, Luiz Inacio Lula da Silva, deveria se reunir com opositores e defensores dos direitos humanos, não apenas com as autoridades, durante a viagem que fará ao Irã em maio, considerou nesta sexta-feira (12/2) a prêmio Nobel da Paz de 2003, a advogada iraniana Shirin Ebadi."Acredito no diálogo. Por que não uma visita do presidente brasileiro ao Irã?", afirmou Ebadi, durante reunião na sede da ONU em Genebra, onde o Conselho de Direitos Humanos examinará na segunda-feira a situação na República Islâmica. A visita de Lula a Teerã será bem-vinda "desde que haja um diálogo não apenas com as autoridades, mas que se reúna, também, com as famílias dos detidos, com os defensores dos direitos humanos, com jornalistas independentes", acrescentou.
[SAIBAMAIS]Lula, que no final de 2009 recebeu o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad durante visita ao Brasil, anunciou mês passado a intenção de viajar a Teerã, em maio. "Se houver negociações, não deveriam limitar-se a aspectos econômicos. Ao contrário, será preciso falar de direitos humanos", reiterou Ebadi.
As reiteradas manifestações da oposição iraniana, que impugna a polêmica reeleição de Ahmadinejad, deixaram dezenas de mortos e milhares de detidos no Irã nos últimos oito meses. No entanto, a repressão exercida pelo poder, que executou dois opositores e condenou à morte outros dez, não conseguiu fazer calar os protestos. Na questão nuclear, o Brasil não se mostrou partidário de impor sanções ao regime de Teerã para obrigá-lo a cessar seu programa de enriquecimento de urânio.