Agência France-Presse
postado em 16/02/2010 12:21
MARJAH - A ofensiva lançada há quatro dias pelas forças afegãs e internacionais, lideradas pelos Estados unidos, na zona de Marjah (sul), encontrava nesta terça-feira focos de resistência, nesse bastião talibã, semeado de bombas artesanais, admitiram fontes militares.
"Descobrimos centenas de minas", disse à imprensa o general Besmilah Jan, comandante do Estado Maior do exército afegão. "Avançamos lentamente, pois a zona está cheia delas", explicou.
Um porta-voz dos Marines americanos, que constituem a coluna vertebral dessa ofensiva aliada, da qual participam 15.000 efetivos, declarou-se nesta terça-feira surpreendido com a quantidade de explosivos espalhados no terreno pelo inimigo. "Há muitos mais do que pensávamos", declarou o tenente Josh Diddams.
Segundo a Cruz Vermelha, esses artefatos, ocultos junto a estradas, dificultam o traslado de feridos ao hospital de Lashkar Gah, a 20 quilômetros de Marjah. O avanço da coalizão também se vê entorpecido por francoatiradores emboscados em casas e mesquitas, segundo os militares.
A operação, batizada Mushtarak ("Juntos"), é considerada a de maior envergadura desde 2001, e até agora causou a morte de dois soldados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A Otan assumiu, além disso, a responsabilidade pela morte de 12 civis afegãos num bombardeio sobre um alvo errôneo perto de Marjah; mais tarde, o governo afegão atualizou o número desses mortos: nove civis.
Outros três civis morreram em incidentes separados na província de Helmand, ao serem confundidos com insurgentes, informou a Isaf (Força Internacional de Assistência à Segurança), que opera sob a direção da Otan.
Outro bombardeio aéreo da Otan que, segundo a coalizão internacional, não teve relação direta com a operação Mushtarak, causou a morte de cinco civis afegãos. A ofensiva se propõe a erradicar os talibãs da região de Marjah, na província de Helmand, e restabelecer ali a autoridade do governo de Cabul.
Para isso, busca o apoio da população, além de tentar limitar ao máximo as baixas civis numa zona onde se estima haja mil combatentes talibãs. Dos 15 mil militares mobilizados na operação, 4.400 são afegãos e os demais, americanos e britânicos.
Os talibãs jamais opuseram resistência frontal a precedentes ofensivas no sul ou em outras partes do país, optando por uma tática de acossamento, de guerrilha, retirando-se, depois, para as montanhas ou misturando-se à população.
Segundo especialistas dos serviços de inteligência ocidentais, Marjah é apenas um feudo talibã entre muitos outros no sul do país.
A insurreição talibã ganhou intensidade nos dois últimos anos e se estendeu à quase totalidade do país, com ataques audaciosos, inclusive no próprio centro de Cabul.
Desde o começo do ano, 75 soldados estrangeiros morreram no Afeganistão, segundo o site especializado icasualities.org. As forças internacionais perderam 520 homens em 2009, o ano em que foram registradas as maiores baixas desde a entrada de suas tropas no Afeganistão.