Agência France-Presse
postado em 16/02/2010 15:28
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, defendeu nesta terça-feira na Arábia Saudita a política de pressões ao Irã, enquanto o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, advertiu sobre as consequências de mais sanções contra o seu país
O Irã diz que seu programa "tem fins pacíficos, mas não há provas que sustentem isso", disse Hillary, em resposta a uma estudante da Universidade feminina Dar Al Hekma de Yeda, em seu último dia de viagem pelos países do Golfo. A estudante havia perguntado a razão dos Estados Unidos manterem uma posição firme com o Irã quando Israel supostamente já tem uma bomba atômica.
Em sua resposta, Hillary não mencionou Israel, mas insistiu que o Irã suscitou preocupações ao iniciar a produção de urânio enriquecido a 20%, além de reconhecer que estava construindo uma usina de urânio próxima a Qon e negar uma proposta internacional de intercâmbio de urânio por combustível nuclear.
Por isso os "Estados Unidos e outros países estão preocupados", acrescentou. Além disso, "o Irã é o principal apoio ao terrorismo do mundo", destacou a secretária falando às estudantes de Yeda, a cidade mais liberal da Arábia Saudita. "Recorremos às Nações Unidas para tentar obter mais sanções que talvez convençam os iranianos a mudarem de direção", indicou.
Ahmadinejad, por sua vez, respondeu imediatamente que as grandes potências terminarão lamentando qualquer nova sanção contra seu país, dizendo ao mesmo tempo que o Irã segue disposto a fazer um intercâmbio de urânio por combustível.
"Se alguém tentar criar problemas para o Irã, nossa resposta não será como as do passado. Essa resposta fará com que eles se arrependam" das sanções, disse o presidente, em uma coletiva de imprensa em Teerã.
Hillary Clinton ficou satisfeita com a conversa de quatro horas que teve na noite de segunda para terça-feira com o rei Abdullah da Arábia Saudita. Além disso, o chefe da diplomacia saudita, o príncipe Saud al-Faisal, disse que seu país preferia uma "resolução imediata" ao invés de sanções. As sanções são "uma solução a longo prazo", disse o príncipe.
"A solução imediata apoiada pelo príncipe Saud é a mesma proposta pela Turquia, que consiste em enriquecer o urânio iraniano no exterior", disse à AFP o analista saudita Anuar Eshki, do Instituto de Estudos Estratégicos de Yeda. Interrogado sobre o risco de que o Irã feche o estreito de Ormuz, por onde passa 40% do petróleo mundial, Saud disse que isso seria "um ato de guerra".
Por outro lado, o chefe da diplomacia saudita se mostrou resistente a utilizar as exportações de petróleo sauditas para a China como um elemento de pressão para que o governo chinês seja mais duro com o Irã. Nesta terça-feira, o ministro iraniano de Relações Exteriores, Manucher Mottaki, acusou Hillary de querer enganar as monarquias do Golfo apresentando o Irã como uma "ditadura militar".