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Baradar, chefe militar dos talibãs e homem de confiança do mulá Omar

Agência France-Presse
postado em 16/02/2010 16:08
O mulá Baradar, cuja captura no Paquistão foi anunciada nesta terça-feira pela imprensa americana, é o chefe militar dos talibãs e braço direito do mulá Omar, máximo dirigente deste movimento. O jornal The New York Times foi o primeiro a afirmar, citando fontes anônimas do governo, que Baradar havia sido detenido "há vários dias" durante uma operação conjunta dos serviços de inteligência paquistaneses e da CIA em Karachi (sul do Paquistão). Segundo analistas consultados no Paquistão e no Afeganistão, a perda do homem de confiança do mulá Omar, se confirmada, constituiria um grave revés para os talibãs. "É um amigo próximo do mulá Omar e são da mesma geração. Ambos fazem parte do grupo de 30 pessoas consideradas fundadoras do movimento talibã", destaca o especialista paquistanês Rahimulah Yusufzai. "Era uma pessoa comprometida, na qual Omar tinha confiança. Ele o nomeou chefe militar dos talibãs. Era membro do conselho supremo do movimento, formado por 10 ou 12 das pessoas mais leais e dirigido pelo mulá Omar", acrescenta Yusufzai. Em entrevista à AFP, Yusuf Ahamadi, porta-voz dos talibãs, desmentiu a prisão de Baradar e afirmou que ele continua coordenando "todas as operações da jihad". Nascido na província de Oruzgan, sul do Afeganistão, e pertencente aos Popalzai, influente tribo pashtun, Abdul Ghani Baradar combateu nos anos 80 contra os soviéticos, com o apoio dos Estados Unidos e do Paquistão. Quando os talibãs tomaram o poder em Cabul, em 1996, o mulá Omar procurou Baradar e o nomeou vice-ministro da Defesa. Depois da queda do regime islâmico em 2001, vários talibãs afegãos fugiram para o Paquistão. Segundo a Interpol, Baradar, de 42 anos, faz parte desde maio de 2007 da "Shura de Quetta", assembleia de chefes tribais do sul do Paquistão. A liderança dos talibãs estaria baseada nesta cidade da província paquistanesa do Baluchistão, o que é desmentido pelas autoridades do Paquistão. De acordo com a imprensa americana, Baradar é a segunda ou terceira autoridade desta assembleia. Para o NYT, Baradar - que figura na lista negra da ONU - já era próximo a Osama Bin Laden antes dos atentados de 11 de setembro de 2001. Segundo Yusufzai, outro chefe talibã faz o contato com Bin Laden, enquanto Baradar se ocupava nos últimos anos de aconselhar política e militarmente o conselho talibã. "Era um comandante militar forte e uma das pessoas mais procuradas", indica o especialista.

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