postado em 18/02/2010 08:56
Um ano depois de a Força Aérea Brasileira (FAB) ajudar no resgate da ex-candidata à Presidência Ingrid Betancourt, o Brasil volta ao cenário das mediações na Colômbia. A Igreja Católica da Colômbia confirmou nesta quarta-feira (17/2) que o governo de Álvaro Uribe e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) concordaram que o Brasil dê apoio logístico à operação de libertação do sargento Pablo Emilio Moncayo e do soldado Josué Daniel Calvo e para a entrega do corpo do capitão Julián Guevara, morto em cativeiro. "Desta vez, temos um respeito adicional (%u2026) que o país, o Brasil, já é aceito pelas duas partes", disse o secretário-geral da Conferência Episcopal Colombiana (CEC), monsenhor Juan Vicente Córdoba, à rádio colombiana Caracol.
Na terça-feira, o ministro colombiano da Defesa, Gabriel Silva, já tinha anunciado que o Brasil continuaria sendo o país responsável pela logística para colaborar %u201Cde maneira humanitária%u201D com a libertação. "É um gesto que colabora com a paz e a tranquilidade dos colombianos", destacou. No mesmo dia, Silva também se reuniu com delegados do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e lhes ofereceu garantias para a operação.
Consultado pelo Correio, o Itamaraty destacou que "o governo brasileiro está sempre a disposição do governo colombiano para, como em janeiro de 2009, participar de ações de natureza humanitária, a partir de entendimento prévio". Para Córdoba, a definição de outro país poderia atrasar ainda mais a operação. "O Brasil já está nas questões de logística com o CICV, que tem a coordenação disso", destacou o religioso.
Nos próximos dias, haverá uma reunião entre as partes para definir detalhes logísticos da operação. O secretário-geral da CEC afirmou que nesse encontro se espera que a mediadora perante as Farc, a senadora da oposição Piedad Córdoba, entregue as coordenadas gerais da área onde seriam entregues os dois militares e o corpo do capitão morto. "Assim, o Ministério da Defesa procede para que não haja voos nem sobrevoos comerciais sobre essa região."
As Farc anunciaram em abril do ano passado a libertação unilateral dos dois reféns, dos 23 que dizem ter em seu poder. O sargento Moncayo é o refém mais antigo, sequestrado em dezembro de 1997; o soldado Josué Daniel Calvo foi capturado em abril do ano passado; e o major da Polícia Julián Guevara morreu em cativeiro em janeiro de 2006, oito anos depois de ser capturado.