Agência France-Presse
postado em 18/02/2010 10:47
A Malásia anunciou na quarta-feira (17/2) que três mulheres e quatro homens foram espancados por decisão dos tribunais religiosos, por terem mantido relações extraconjugais, uma vergonha no país predominantemente muçulmano.
As autoridades anunciaram que as três mulheres foram castigadas no dia 9 de fevereiro em uma prisão feminina nos arredores da capital, Kuala Lumpur, após serem consideradas culpadas de "Khalwat", termo utilizado pela lei islâmica para designar adultério.
"Espero que isto não seja compreendido de forma errada, na medida que seu ato, o adultério, profana a pureza do Islã", declarou o ministro do Interior, Hishammuddin Hussein.
"O castigo é feito para educar e dar uma oportunidade aos que pecaram para que no futuro optem por um caminho correto", acrescentou, afirmando que nenhuma das mulheres ficou ferida.
O ministro disse que as três mulheres e os quatro homens receberam uma surra em aplicação das sentenças ditadas em dezembro pelos tribunais religiosos que, na Malásia, funcionam paralelamente aos tribunais civis.
Ele afirmou ainda que uma das mulheres foi libertada no último domingo, que uma será libertada nos próximos dias e que a terceira sairá da prisão em breve.
A Anistia Internacional reagiu e pediu à Malásia o fim da "epidemia de surras", afirmando que o castigo já foi aplicado em milhares de pessoas no país.
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, a surra sofrida pelas três mulheres "é apenas a ponta do iceberg".
Citando as autoridades da Malásia, a organização afirma que mais de 35 mil pessoas - sobretudo estrangeiros - foram castigadas desde 2002 por infrações às leis de imigração.
A Anistia Internacional, em um comunicado, afirma que "os milhares de casos indicam que há uma epidemia de castigos na Malásia" e estimula as autoridades a "abolir este castigo cruel e humilhante".