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Execução de líder do Hamas em Dubai causa mal-estar diplomático

postado em 19/02/2010 08:00

[SAIBAMAIS];Onde não há conselhos, o povo cai; mas na multidão de conselheiros, há salvação.; No site do temido Mossad ; o serviço secreto de Israel ;, o versículo 14 do capítulo 10 do livro Provérbios se destaca junto do brasão com a imagem da Menorá (o candelabro símbolo do judaísmo). Abaixo, estão listadas as atribuições do serviço secreto de Israel: reunir dados de inteligência, prevenir atos terroristas contra alvos israelenses no exterior e planejar e realizar operações especiais para além das fronteiras de Israel. De acordo com a polícia de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, uma dessas missões culminou na morte do palestino Mahmud Al-Mabhouh, cofundador das Brigadas Izzedine Al-Qassam ; o braço militar do movimento fundamentalista islâmico Hamas ; e responsável por contrabandear armas para a Faixa de Gaza.Reprodução de vídeo mostra três suspeitos do assassinato de Mahmud Al-Mabhouh em um shopping de Dubai

Pelo menos 11 pessoas teriam assassinado Al-Mabhouh no luxuoso hotel Al-Bustan Rotana, em Dubai, na tarde do último dia 20 de janeiro. Um novo elemento mergulhou o crime em um nível de mistério ainda maior e colocou em xeque a suposta autoria do Mossad. Segundo o jornal israelense Haaretz, dois palestinos detidos em Amã, sob suspeita de envolvimento no complô, trabalhavam para o Fatah ; partido do histórico líder palestino Yasser Arafat e do presidente Mahmud Abbas. O governo da Jordânia confirmou que Ahmad Hasnin, funcionário da inteligência palestina, e Anwar Shekhaiber, funcionário da Autoridade Palestina (AP), foram extraditados para os Emirados Árabes.

O assassinato provocou uma crise diplomática entre Reino Unido, França, Irlanda e Israel. Os executores do extremista palestino usaram um passaporte francês, três irlandeses, seis britânicos e um alemão para entrar nos Emirados Árabes Unidos. O governo da Irlanda convocou ontem o embaixador de Israel em Dublin para dar explicações sobre os documentos. Londres, por sua vez, afirmou esperar a ;plena cooperação; das autoridades israelenses no uso dos passaportes. ;Nós queremos dar a Israel todas as oportunidades de compartilhar o que sabe sobre o incidente;, declarou o chanceler britânico, David Milliband. Já Bernard Valero, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, disse à France-Presse ter entrado em contato com a Embaixada de Israel em Paris.

Em declaração ao jornal The National, de Dubai, o chefe de polícia Dahi Khalfan culpou os agentes de Israel. ;Nossas investigações mostram que o Mossad está envolvido no assassinato. Em 99% de certeza, senão em 100%, o Mossad está por atrás do crime;, garantiu. A Interpol colocou os nomes dos 11 europeus donos dos passaportes na lista de procurados. Em resposta, Khalfan defendeu um ;alerta vermelho; contra Meir Dagan, chefe do Mossad.

O jornalista israelense Yossi Melman, correspondente de assuntos de inteligência do Haaretz, afirmou ao Correio que a inexistência de provas deve evitar maiores desgastes entre os países. ;Nos últimos 35 anos, Israel experimentou crises parecidas, com seus agentes usando passaportes do Reino Unido, do Canadá e da Nova Zelândia. Esses governos protestaram no passado, Israel se desculpou e as boas relações foram restabelecidas;, comenta. ;Dessa vez há uma enorme diferença. Os agentes israelenses não estão presos, não há indicações do envolvimento de Israel e as autoridades desses países não estão satisfeitas. Mas isso não vai evoluir para uma crise séria.;

Segundo Melman, o Mossad é um órgão de Estado, não uma organização pária, e atua com base nas decisões do gabinete. ;Eu diria que 99% de suas operações são a clássica coleta de dados de inteligência;, explica. ;Apenas uma pequena fração é devotada a tarefas especiais;, acrescenta.

Profissionalismo

Por telefone, Aaron J. Klein, ex-capitão da Inteligência das Forças de Defesa de Israel (IDF), afirmou que tal operação só poderia ser feita por serviços secretos. ;Foi algo profissional;, admite. ;O alvo era um líder do braço militar do Hamas, que coordenava o contrabando de mísseis do Irã para os Emirados Árabes Unidos. Os israelenses tinham interesse em deter suas atividades.;

Autor de Retaliando: o massacre dos Jogos Olímpicos de Munique em 1972 e a resposta mortífera de Israel, Aaron Klein garante que Al-Mabhouh era inimigo do Mossad e duvida de danos à diplomacia. ;Não existem provas, apenas acusações. Temos fotos, vídeos e passaportes, mas não provas de que foram os israelenses;, conclui.

Confira vídeo (em inglês) sobre o assassinato de Mahmud Al-Mabhouh


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