A decisão do ex-guerrilheiro e futuro presidente do Uruguai, José Mujica, de aceitar que dez empresas doem cada uma "15.000 dólares de nada", em suas palavras, para financiar um espetáculo musical no dia da solenidade de posse - vem motivando críticas de alguns de seus companheiros da esquerdista Frente Ampla.
O show acontecerá na Praça Independência de Montevidéu depois da investidura, no dia 1; de março. "Um presidente não se vende por 15.000 dólares de nada", respondeu Mujica sobre a doação feita por dez empresas "amigas" - num total de 150.000 dólares - para pagar a atuação. "Foi feita uma vaquinha (coleta) voluntária entre alguns ombros poderosos, que podem contribuir com esse gasto para não onerar ainda mais o Estado uruguaio", argumentou o presidente eleito.
Para Juan Castillo, dirigente sindical e militante da Frente Ampla (FA), no entanto, a decisão equivale a "privatizar a festa da democracia" e poderia ser motivo de "suspeitas". "Posso me enganar, mas não tenho preço", respondeu Mujica, que já se comprometeu a doar 87% de seu futuro salário de 12.500 dólares para a construção de conjuntos habitacionais.