Agência France-Presse
postado em 23/02/2010 15:55
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega na noite desta terça-feira (23/2) a Cuba para visitar Fidel Castro e negociar investimentos milionários com o governo de Raúl Castro, importantes para a ilha que atravessa uma dura crise econômica.Lula deve chegar a Havana com vários ministros e empresários às 20h (22h de Brasília) proveniente do México, onde, assim como o presidente Raúl Castro, participa da cúpula do Grupo do Rio, em uma viagem que o levará também ao Haiti e a El Salvador.
Em sua quarta viagem a Cuba desde que chegou ao poder, em janeiro de 2003, o presidente brasileiro visitará na manhã de quarta-feira (24/2) o porto de Mariel, onde o Brasil tem investimentos, depois terá um encontro com Fidel, presidirá a sessão de grupos de empresários de ambos os países e se reunirá com Raúl Castro.
Lula conversará com Fidel, que delegou o poder ao seu irmão quando ficou doente em 2006, sobre "assuntos da realidade internacional", segundo seu porta-voz Marcelo Baumbach, naquela que deverá ser a sua última viagem oficial antes de concluir seu mandato em janeiro de 2011.
Sua visita, anunciada pelo jornal oficial Granma, tem um grande significado político e, sobretudo, econômico para a ilha comunista, que necessita de investimentos em setores estratégicos que gerem divisas e dinamizem a combalida produção agrícola.
"Temos um acordo importante de investimentos para recuperar o porto de Mariel. É um investimento prioritário em Cuba. Além disso, temos interesse em fazer novos investimentos na rede hoteleira e nas estradas", disse Lula em seu programa de rádio de segunda-feira.
O Brasil aprovou créditos a Cuba de cerca de 950 milhões de dólares, 350 milhões para a venda de alimentos e 600 milhões para investimentos em agricultura e infraestrutura, principalmente no Mariel, localizado 50 km a oeste de Havana e que substituirá o porto de Havana como o principal da ilha.
Brasília elaborou um plano de créditos para Cuba de até 1,2 bilhão de dólares em 2012 e contempla também investimentos em cultivos de arroz e cana de açúcar e na indústria farmacêutica. Um dos projetos estratégicos está no petróleo. Lula acrescentou que a gigante estatal Petrobras pretende investir em uma fábrica de lubrificantes em Havana, além da exploração de petróleo. "Queremos que tudo isso ocorra este ano", disse nesta segunda-feira.
Como parte deo interesse do Brasil de se tornar o primeiro sócio comercial de Cuba na América Latina -é o segundo atrás da Venezuela-, Lula abriu, em sua viagem anterior em 2008, um escritório de promoção ao comércio. As transações comerciais entre os dois países chegam a cerca de 650 milhões, 500 dos quais são exportações brasileiras, segundo dados oficiais cubanos.
Embora a visita seja essencialmente econômica, no plano político 50 presos políticos, que Havana considera "mercenários" de Washington, pediram a Lula em uma carta que interceda ante Raúl Castro por sua libertação. "Seria um magnífico interlocutor para" que o governo cubano faça "as reformas econômicas, políticas e sociais urgentemente necessárias" para o país, segundo a carta, entregue à imprensa estrangeira.
Lula, que nunca manteve contato com os opositores, é elogiado em Cuba como líder da integração latino-americana e apreciado por seu reiterados pronunciamentos contra o embargo aplicado pelos Estados Unidos à ilha.
Após jantar com Raúl Castro na quarta-feira, Lula partirá para o Haiti no início da quinta-feira para manifestar a solidariedade com a população dessa ilha devastada pelo terremoto de 12 de janeiro, e na sexta-feira visitará El Salvador.