Agência France-Presse
postado em 28/02/2010 14:33
"Nem loucos entramos lá de novo. Isso vai cair a qualquer momento", diz à AFP Maria, de dentro da barraca onde passou a noite com seu marido e os três filhos, a poucos metros do edifício onde a família vivia, que sofreu severos danos após o terremoto de 8,8 graus que atingiu o Chile no sábado."Preferimos ficar na rua, pela segurança de nossos filhos", explica a mulher, que mal conseguiu dormir devido aos mais de 100 tremores secundários que se seguiram ao terremoto, que matou pelo menos 300 pessoas.
Maria vive na Villa Olímpica, um conjunto de apartamentos localizado em frente ao Estádio Nacional de Santiago, construído há 45 anos, que foi severamente danificado pelo terremoto.
Vidros quebrados, varandas caídas no chão e escombros por todos os lados são o devastador cenário do bairro, onde em toda parte pessoas montam acampamentos improvisados.
Moradores que conseguiram salvar seus aparelhos de televisão assistem às notícias nos pátios.
As autoridades aconselharam a população a não retornar para casas danificadas, que correm o risco de desabar, principalmente depois dos potentes tremores secundários. Um deles, na manhã deste domingo, voltou a gerar pânico entre os chilenos.
Em Maipu, rica comunidade situada a leste de Santiago, os moradores expressavam sua indignação ao ver como um moderno edifício de cinco andares construído há apenas cinco anos ficou parcialmente destruído.
Também aqui os vizinhos passaram a noite abrigados em barracas improvisadas, e neste domingo exigiam a presença de executivos da empreiteira responsável pela construção do prédio de apartamentos, que não terá outro remédio senão ser demolido.
"Foi uma noite de muita dor, incerteza, desespero. Esta noite foi como despertar de um pesadelo. Estamos sem nada, não nos atrevemos a entrar nos apartamentos para tirar nossas coisas", desabafou uma moradora do condomínio Don Tristán, que está à beira do colapso.
Um turista holandês, que aguarda a reabertura do aeroporto internacional de Santiago para voltar para casa, contou sua experiência durante o terremoto, que o surpreendeu dentro do hotel onde está hospedado.
"Tive medo que o edifício caísse. Não tive tempo nem de vestir minhas roupas, e por isso saí nu", contou à AFP Paul Terpstra.
Santiago, cidade de seis milhões de habitantes bastante acostumada aos tremores, mantém severos padrões para a construção civil no intuito de minorar eventuais tragédias caso ocorram terremotos como o de sábado.
No entanto, parte da estrutura das modernas autopistas urbanas que cruzam a cidade ficou gravemente danificada, enquanto centenas de construções antigas foram ao chão.