Santiago ; A presidente do Chile, Michelle Bachelet, anunciou neste domingo (28/2) que ao menos 708 pessoas morreram no terremoto e posterior tsunami que atingiram o Chile na madrugada de sábado (27), e declarou "estado de exceção de catástrofe" nas zonas mais afetadas. "Há um número crescente de pessoas desaparecidas", disse Bachelet após presidir uma reunião do Comitê de Emergências, indicando assim que o balanço de vítimas ainda deve aumentar.
Dos 708 mortos, pelo menos 541 estão na região de Maule, cerca de 300km ao sul de Santiago, cuja área costeira foi varrida por um tsunami, revelou a presidente. Bachelet informou que nas zonas de Maule e Maule foi decretado o "estado de exceção de catástrofe" por 30 dias, para "garantir a ordem pública e acelerar a entrega de ajuda".
[SAIBAMAIS]Para cumprir a medida, a presidente anunciou o envio de uma força policial à região, cujo efetivo não foi divulgado.
O ministro da Marinha, Francisco Vidal, admitiu que houve um erro das autoridades por descartar, inicialmente, o tsunami na costa do Chile. "Foi um erro", disse Vidal após participar da reunião do comitê de emergência, realizada no Palácio de La Moneda.
A Marinha "cometeu um erro ao não alertar para o tsunami, mas por sorte (...) foi ativado um sistema que a própria unidade tem e isto ajudou a salvar centenas, talvez milhares de pessoas". "Com este sistema, apesar do erro de diagnóstico, foi possível avisar a população, que subiu para as colinas (...) Sem este aviso, teríamos que lamentar mais vítimas", explicou.
Logo após o terremoto, que ocorreu às 3h34 locais de sábado (mesmo horário em Brasília), Bachelet descartou a ocorrência de tsunami na costa chilena e pediu calma à população, mas ondas gigantes varreram uma ampla zona costeira das regiões de Maule e Biobío, próximas ao epicentro do tremor.
Na declaração feita neste domingo, Bachelet anunciou ainda que determinou a distribuição gratuita de alimentos e gêneros de primeira necessidade à população nas zonas devastadas, onde tem ocorrido saques a supermercados. "Vamos garantir a distribuição gratuita de todos os produtos de primeira necessidade" nas zonas afetadas, prometeu a presidente ao manifestar sua preocupação com os saques, especialmente na cidade de Concepción, 500km ao sul de Santiago, uma das mais atingidas pelo terremoto.
Neste domingo, a polícia agiu para evitar saques em Concepción, incluindo ao supermercado Líder, em pleno centro da cidade. A TV estatal exibiu imagens de policiais utilizando jatos d;água para dispersar centenas de pessoas que tentavam saquear o supermercado.
Em Concepción, o comércio não funciona desde o terremoto, e a população começa a sentir os efeitos do desabastecimento de água e alimentos. Segundo a prefeita da cidade, Jacqueline Van Rysselberghe, "se não conseguirmos resolver hoje (domingo) o problema da comida, teremos uma situação muito complicada".