JERUSALÉM - Dezenas de palestinos enfrentaram a polícia neste domingo na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, em meio ao clima de tensão após a decisão de Israel de incluir em seu patrimônio histórico dois locais sagrados na Cisjordânia ocupada.
No coração da cidade velha de Jerusalém, grupos de palestinos atacaram a polícia israelense após correr um boato sobre uma incursão de extremistas judeus na Esplanada.
Dois policias foram hospitalizados e outros dois receberam socorro médico no local do incidente, atingidos por pedras lançadas pelos manifestantes, informou o porta-voz da polícia Micky Rosenfeld. A polícia prendeu sete manifestantes e outros 15 ficaram feridos por balas de borracha.
O principal negociador palestino, Saeb Erakat, revelou à AFP que entrou em "contato com a administração (do presidente Barack) Obama para pedir uma intervenção urgente dos Estados Unidos visando deter a agressão israelense contra a Mesquita de Al Aqsa e outros locais sagrados do Islã".
Após os incidentes, a situação se normalizou na Esplanada das Mesquitas, que abriga a Cúpula da Rocha e a Mesquita de Al Aqsa, mas o acesso ao local está proibido para muçulmanos com menos de 50 anos. Também foram registrados choques no bairro de Ras El Amud, no setor oriental de Jerusalém, conquistado por Israel em 1967.
A polícia havia entrado durante a manhã na Esplanada das Mesquitas, após agressões a visitantes.
Chamada de Haram El Sharif (O nobre santuário), a Esplanada das Mesquitas é o terceiro local sagrado do Islã, atrás apenas de Meca e de Medina, ambas na Arábia Saudita.
A Esplanada foi construída sobre as ruínas do Templo judeu destruído pelos romanos no ano 70 da era cristã, cujo principal vestígio é o Muro das Lamentações. O Monte do Templo é o local mais sagrado do judaísmo.
Nos últimos dias, jovens palestinos enfrentaram o Exército israelense em Hebron, na Cisjordânia, para protestar contra o polêmico projeto de Israel de incluir em seu patrimônio histórico o Túmulo de Raquel, em Belém, e a Gruta dos Patriarcas, em Hebron.
Na tentativa de apaziguar a situação, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu garantiu na quinta-feira passada que "não haverá mudanças na situação, nem na Gruta dos Patriarcas, nem no Túmulo de Raquel" e prometeu "liberdade completa de culto".
A Gruta dos Patriarcas - Mesquita de Ibrahim (nome muçulmano de Abraão) para o islã - é um lugar santo para judeus e muçulmanos. O local está dividido em duas partes, uma para os fiéis muçulmanos e outra para os peregrinos judeus