Agência France-Presse
postado em 01/03/2010 17:21
Efetivos das forças de segurança da Venezuela "assistem diretamente" às guerrilhas colombianas ligadas a grupos de narcotraficantes, estimou nesta segunda-feira o informe anual sobre a luta contra as drogas, divulgado pelos Estados Unidos.
O informe do Departamento de Estado afirma que, durante 2009, o governo do presidente Hugo Chávez "não cooperou consistentemente com os Estados Unidos e outros países para reduzir o fluxo de cocaína através da Venezuela".
"Há forte evidência de que alguns elementos das forças de segurança da Venezuela assistem diretamente" a grupos colombianos designados como organizações terroristas pelos Estados Unidos, diz o relatório do Departamento de Estado.
Entre esses grupos estariam as guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN).
No documento, os Estados Unidos identificam a Venezuela como "um importante país de trânsito de drogas", ao assinalar que a passagem dos estupefacientes por território venezuelano "aumentou bruscamente em 2009".
[SAIBAMAIS]A Venezuela cortou desde 2006 sua cooperação com a agência americana antinarcóticos (DEA).
"Observa-se uma extraordinária saída, particularmente de exportações por via aérea, desde o setor adjacente à fronteira com a Colômbia", disse em entrevista à imprensa o subsecretário de Estado para a luta antidrogas, David Johnson.
Segundo Johnson, Washington manteve contatos com funcionários venezuelanos sobre esta situação, mas não foram registrados "esforços significativos para deter esse tráfico".
O grande trânsito de drogas através de território venezuelano "incrementou o nível de corrupção, crime e violência" no país, diz ainda o informe.
A impunidade, "a politização das investigações e a corrupção sufocam a confiança pública no sistema judiciário", apontou.
No entanto, o informe assinala que os Estados Unidos se mantêm dispostos a retomar a cooperação com o governo Chávez na questão da luta antidrogas e que o retorno dos embaixadores de ambos os países a seus postos de junho do ano passado "representa uma oportunidade" nesse sentido.