Agência France-Presse
postado em 04/03/2010 08:52
A ajuda para os desabrigados do terremoto de sábado no sul do Chile começou a chegar na quarta-feira (3/3), o que representou um alívio às cidades devastadas, ao mesmo tempo que prosseguem as buscas por desaparecidos, especialmente nas localidades costeiras surpreendidas por uma grande tsunami.
[SAIBAMAIS]Com um balanço que supera 800 mortos, a destruição provocada pelo tremor e pela onda gigante alcançou várias cidades, nas quais a ajuda começou a chegar de maneira desigual.
Na quarta-feira, a presidente Michelle Bachelet, muito emocionada, reconheceu que o terremoto e a tsunami geraram um dano generalizado no setor produtivo, afetando duramente as infraestruturas, a agricultura, o comércio, o turismo, a mineração, a indústria e o setor de construção do país. A indústria vinícola anunciou perdas de 12% da produção.
Concepción, a 500 km de Santiago e com meio milhão de habitantes, se transformou em símbolo da tragédia, já que a cidade viveu a tragédia em toda a intensidade e até mesmo o porto, Talcahuano, ficou totalmente destruído.
A falta de ajuda nos primeiros dias provocou saques e violência, o que obrigou uma rápida militarização e a adoção de um toque de recolher de 18 horas. Outros seis municípios também estão sob toque de recolher: Talca, Cauquenes, Constitución, Curicó, Molina e Sagrada Família.
A situação melhorou um pouco na quarta-feira com o início da distribuição de mantimentos em pontos específicos e casa por casa. Alguns supermercados também reabriram as portas.
Mas o clima de nervosismo ainda impera, como demonstrou a reação a um tremor secundário na quarta-feira: a polícia divulgou um alerta de tsunami, que foi cancelado pelo governo em poucos minutos, mas cenas de desespero foram registradas, com centenas de pessoas correndo para a parte alta da cidade.
A reação foi uma consequência da polêmica gerada pela falta de alerta de tsunami no sábado, provocada pela falta de coordenação entre os vários organismos estatais.
Apesar do isolamento de Concepción, a situação é mais crítica nos balneários da costa do sul-centro do Chile, onde o maremoto se abateu com toda força.
Pulluhue, Cobquecura, Dichato e Constitución foram arrasadas pela força da água e registram o maior número de desaparecidos.
Em Constitución, balneário de 45 mil habitantes, muitos corpos estão inchados e mutilados, o que dificulta a identificação. O odor também é muito forte na região.
O drama se repete ao longo da costa, onde muitos chilenos passavam os últimos dias de verão.