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Brown considera que participar da guerra do Iraque foi 'a decisão correta'

Agência France-Presse
postado em 05/03/2010 08:58
Gordon Brown é visto na TV na Escócia, enquanto fala em audiência em LondresO primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, afirmou nesta sexta-feira (5/3) que participar na guerra do Iraque "foi a decisão correta", no início de sua aguardada audiência em Londres na comissão independente que investiga o impopular conflito, que começou em março de 2003. "Foi a decisão correta e o foi pelas razões corretas", declarou o premier ao responder a primeira pergunta do painel na audiência, durante a qual teve que explicar publicamente pela primeira vez o papel que desempenhou antes e durante a guerra, quando era ministro das Finanças do governo de Tony Blair. Brown argumentou que o presidente iraquiano Saddam Hussein havia ignorado durante anos os apelos para que respeitasse o direito internacional e "as obrigações internacionais que havia aceitado". "Quatorze resoluções foram aprovadas nas Nações Unidas e ao final foi impossível convencer de que tinha que acatar a lei internacional", afirmou. Brown afirmou que não pode haver "uma comunidade internacional que funcione" com "Estados agressores que se neguem a obedecer as leis da comunidade internacional". Como o antecessor, Tony Blair, que compareceu no dia 29 de janeiro ao mesmo painel, Brown ressaltou que o governo britânico tentou até o último momento obter uma solução diplomática. "Até o último momento, até o último final de semana, acredito que muitos de nós pensávamos que a via diplomática triunfaria", declarou. [SAIBAMAIS]Brown será submetido até as 15h30 GMT (12h30 de Brasília) às perguntas da comissão presidida por John Chilcot. A presença de Brown quase não ocorreu devido à realização de eleições gerais, provavelmente, em 6 de maio. Até agora o primeiro-ministro tentou minimizar o seu papel na decisão de acompanhar os Estados Unidos na guerra, apesar da oposição de grande parte da opinião pública. Esta foi a primeira vez que Brown foi interrogado publicamente sobre seu envolvimento. No entanto, várias testemunhas consultadas nas últimas semanas pelo painel, cujas conclusões serão reveladas apenas no final do ano, mencionaram o importante papel desempenhado pelo atual primeiro-ministro. Para o ex-porta-voz de Blair, Alastair Campbell, Brown foi um dos "ministros-chave" que o chefe de Governo consultou durante a reta final da invasão. Apesar disso, a ex-ministra do Desenvolvimento Internacional Clare Short, que pediu demissão em maio de 2003 para protestar contra a intervenção, ressaltou que Brown foi "marginalizado" no governo. "Não se opôs à guerra, mas também não apoiou", disse. O ministro da Defesa na época, Geoff Hoon, que recentemente liderou um 'golpe' frustrado dentro do partido para derrubá-lo, acusou Brown de ter se negado a fornecer financiamento estratégico ao Exército britânico antes e durante a guerra na qual morreram 179 soldados britânicos. Brown negou as acusações nesta sexta-feira, afirmando em várias ocasiões que, quando começou a se falar, em meados de 2002, sobre a possibilidade de um conflito, disse que seu ministério "não interferiria de maneira alguma" e que atenderia "todas as solicitações de equipamentos". "Disse (a Blair) que não tentaria descartar nenhuma opção militar com base no custo, muito pelo contrário", acrescentou Brown, que estimou depois o custo da guerra em cerca de 8 bilhões de libras, por volta de 1 bilhão por ano até a retirada total dos britânicos no final de julho passado. Inicialmente, o atual morador de Downing Street não seria convocado até o final das eleições para que seus depoimentos não fossem explorados politicamente, mas a pressão da oposição fez com que ele mesmo pedisse para comparecer, alegando que não tinha "absolutamente nada a esconder". Depois de ter ficado muito atrás dos conservadores durante meses, o Partido Trabalhista de Brown parece ter ressuscitado nas últimas semanas nas pesquisas de intenções de voto, o que deu maior significado a sua audiência. Sua presença no Centro de Convenções Elizabeth II, onde o painel estabeleceu a sua sede, não despertou, no entanto, o mesmo interesse que a de Blair, e poucos manifestantes o aguardavam em sua chegada.

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