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Novo atentado na véspera das eleições legislativas iraquianas

Agência France-Presse
postado em 06/03/2010 10:58
Najaf - Um atentado atingiu neste sábado a cidade sagrada xiita de Najaf, na véspera das eleições legislativas no Iraque, ameaçadas pela Al-Qaeda, que prometeu matar qualquer um que participar da votação. A agência de notícias EFE dá conta que pelo menos três pessoas tenham morrido no antentado terrorista deste sábado. As agências Reuters e BBC, no entanto, contabilizam quatro mortes. Em uma mensagem divulgada antes de eleições cruciais, o braço iraquiano da Al-Qaeda proclamou um "toque de recolher" para tentar intimidar os iraquianos, principalmente os sunitas, com o objetivo de evitar uma participação em massa que marginalizaria a rede extremista sunita. Em 2005, os sunitas, que perderam o poder para os xiitas após a invasão efetuada pelo Exército americano em 2003, boicotaram amplamente a votação para deixar clara a sua oposição, mas, principalmente, por temor de represálias dos insurgentes. No último atentado de uma série, dois peregrinos iranianos e outro iraquiano morreram e 54 pessoas ficaram feridas em um atentado com carro-bomba praticado neste sábado em um estacionamento na cidade sagrada xiita de Najaf (centro do Iraque), próximo ao mausoléu do imã Ali, figura venerada do xiismo, que também deixou 54 feridos, na véspera das eleições legislativas neste país, afirmou Jawad Karawi, alto funcionário local. Segundo essa autoridade, 37 feridos são iranianos. O atentado tem "a marca da Al-Qaeda e dos partidários de Saddam Hussein", afirmou Faed al-Chammari, chefe do Conselho Provincial da cidade. No hospital Al-Hakim, feridos com as roupas sujas de sangue buscavam atendimento. "Esperava os peregrinos entrarem no ônibus quando a explosão aconteceu, matando e ferindo alguns membros do meu grupo", disse Hussein Banahi, de 45 anos, um guia iraniano. Na quarta e na quinta-feira, atentados com a marca da Al-Qaeda sacudiram Bagdá e Baquba, mais ao norte, levando o registro de mortes a quase 50. "Qualquer um que sair de casa para participar (da votação), desafiando a lei de Deus e suas advertências claras, se expõe a sua ira e a todos os tipos de armas dos mudjahedines", advertiu o braço iraquiano da Al-Qaeda em um comunicado na sexta-feira. Para tentar conter a violência, medidas de segurança excepcionais foram tomadas. Apenas em Bagdá, 200.000 membros dos serviços de segurança serão mobilizados, enquanto que a circulação de veículos será proibida em todas as cidades. As fronteiras e os aeroportos serão fechados a partir das 22h00 deste sábado (16h00 de Brasília) até as 05h00 de segunda-feira (23h00 de domingo em Brasília). Ao contrário das legislativas de 2005, os soldados americanos não participarão das operações de segurança durante a votação. As eleições legislativas são consideradas cruciais para o Iraque, que passou por vários anos de violência entre xiitas e sunitas, e serão realizadas a menos de seis meses da retirada das tropas americanas, que será realizada em agosto. Cerca de 19 milhões de iraquianos devem votar nas 18 províncias. Na segunda vez que as eleições legislativas são realizadas depois da derrubada de Saddam Hussein, 6.218 candidatos, sendo 1.801 mulheres, disputam 325 assentos. O atual primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki e seu rival laico Iyad Allawi são considerados favoritos. Uma forte participação dos sunitas, que representam 23,6% da população, reequilibrará mais ou menos o jogo político, apesar da perda do poder para os xiitas (58,8%). Segundo a ONU, os resultados preliminares serão divulgados apenas no dia 18 de março e os resultados definitivos serão apresentados no final de março. A formação do gabinete deve levar vários meses. No dia 16 de março, quando o mandato do Parlamento chega ao fim, o presidente da República ficará encarregado de fazer com que a Constituição seja respeitada. Mas Bagdá e Washington advertiram para a exploração do "vazio constitucional" pela Al-Qaeda para tentar de desestabilizar o país.

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