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Japão autorizou trânsito de bombas atômicas dos EUA durante a Guerra Fria

Agência France-Presse
postado em 09/03/2010 15:35
O governo japonês de centro-esquerda condenou, nesta terça-feira (9/3), os conservadores no poder até o ano passado por terem dissimulado, durante décadas, acordos secretos com os Estados Unidos, alguns dos quais referentes ao trânsito de armas nucleares em território japonês.

"É extremamente lamentável que este problema tenha sido escondido dos japoneses por tanto tempo", denunciou o ministro das Relações Exteriores, Katsuya Okada, durante entrevista coletiva.

Um grupo de historiadores, criado por ordem do governo, confirmou em relatório apresentado nesta terça-feira que os conservadores, que dirigiram o país durante mais de 50 anos, haviam mantido silêncio sobre quatro acordos assinados com os americanos na época da Guerra Fria.

Um destes pactos, que datam dos anos 1960, permitia aos navios e aviões americanos equipados com armas nucleares fazerem escala no Japão.

"Fazer transitar navios equipados com armas nucleares pelo seu território viola a política do Japão de proibir as armas nucleares em seu solo", reforçou Okada.

Outro pacto, concluído em 1969, entre o primeiro-ministro Eisaku Sato e o presidente americano Richard Nixon autorizava depositar as armas nucleares em Okinawa (sul), inclusive após a devolução ao Japão, em 1972, da ilha ocupada pelos americanos.

Em nome dos "três princípios antinucleares", adotados em 1968 pelo próprio Eisaku Sato, o arquipélago proíbe produzir, possuir ou armazenar armas em seu território. Estes princípios valeram a Sato o Prêmio Nobel da Paz em 1974.

A questão nuclear é um tema muito delicado no Japão, que sofreu bombardeios atômicos americanos em agosto de 1945 em Hiroshima e Nagasaki, deixando, respectivamente, 140.000 e 75.000 mortos.

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