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Após 20 anos, a "Concertación" deixa o poder no Chile

Agência France-Presse
postado em 09/03/2010 19:16
A "Concertación", uma coalizão de quatro partidos de centro e de esquerda que governou o Chile por 20 anos desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, deixa o poder nesta quinta-feira, e enfrenta o desafio de ser oposição pela primeira vez.

O bloco nasceu no final da ditadura de Pinochet para fazer oposição a um regime que queria permanecer eternamente no poder. Por meio de plebiscito, a aliança - que originalmente reuniu 17 partidos políticos - conseguiu impor a opção ;Não; (56%) contra a continuidade do ditador.

Um ano depois, foram celebradas eleições gerais e, em 11 de março de 1990, assumiu o poder o democrata-cristão (DC) Patricio Aylwin, o primeiro dos quatro governantes consecutivos da "Concertación", hoje integrada pelo DC, o Partido Socialista, o Radical Social Democrata e o Partido pela Democracia.

Desde esta época, o bloco venceu todas as eleições locais e conseguiu situar o Chile como um dos países da região mais estáveis política e economicamente.

Mas depois de 20 anos, a Concertación começou a dar sinais de desgaste, com uma forte divisão no interior dos quatro partidos e a saída de figuras históricas, como os senadores Adolfo Zaldívar e Fernando Flores, que formaram seus próprios partidos políticos.

Com isso, rompeu-se o equilíbrio de um sistema político no qual a centro-esquerda e a direita estão praticamente empatadas no Congresso.

O desgaste acabou pesando eleitoralmente para o bloco nas últimas eleições, quando apesar de mais de 80% de apoio à presidente Michelle Bachelet, os eleitores optaram por dar uma guinada à direita, pela mão do empresário Sebastián Piñera.

O desafio de ser oposição é visto pelo bloco como uma oportunidade para retomar temas deixados de lado, especialmente os que dizem respeito à proteção dos direitos da classe média. "Esta é uma oportunidade para fazermos um conjunto de coisas que nós adiamos durante muito tempo, simplesmente porque a urgência era governar, e esta foi uma boa razão", disse o economista democrata-cristão Oscar Landerretche.

"O povo nos elegeu para sermos oposição e vamos cumprir esse mandato", declarou, por sua vez, o deputado do Partido da Democracia, Patricio Hales.

No entanto, para o cientista político Mauricio Morales, "o futuro da "Concertación" está ameaçado porque (a coalizão) não está acostumada a ser oposição".

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