Agência France-Presse
postado em 16/03/2010 15:40
BOGOTÁ - Uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que supervisionou as eleições legislativas do domingo, na Colômbia, denunciou nesta terça-feira (16/3) que houve compra de votos, circulação de dinheiro e desrespeito ao voto secreto, destacando, por outro lado, que o pleito ocorreu com tranquilidade.
A compra de votos foi constatada por membros da Missão de Observação Eleitoral da OEA nos departamentos (estados) Atlántico, Bolívar, Magdalena (norte), Cundinamarca (centro), Nariño (sul, fronteira com o Equador) e Norte de Santander (noroeste, fronteira com a Venezuela), informou um relatório entregue à imprensa.
"Essa prática não se concentra em um só partido", disse o chileno Enrique Correa, chefe da missão, em uma coletiva de imprensa.
Segundo Correa, a compra de votos não apenas ocorreu com dinheiro, mas também mediante à oferta de alimentos e bolsas de estudos, ao destacar casos específicos que os membros da missão observaram nos municípios de Palermo (Magdalena), Magangué (Bolívar) e Soledad (Atlántico).
Em diversas localidades do departamento de Cundinamarca, os observadores da OEA constatam que se pagava um sanduíche e 20 mil pesos (US$ 10) por voto, segundo o relatório.
A OEA também chamou a atenção para a falta de garantias logísticas para preservar o voto secreto, o que, segundo Correa, favorece a compra. "O voto secreto não foi preservado devidamente em um número importante de recintos eleitorais", declarou o relatório, pedindo ao governo que melhore essa estrutura.
Sobre as eleições, a OEA advertiu que "a transmissão telefônica dos dados preliminares não conta com um sistema eficaz de autenticação, verificação e auditoria, gerando assim um risco de distorção".
Também lamentou a falta de capacitação por parte dos jurados e pediu que os mecanismos de votação fossem simplificados, para não prejudicar o voto de pessoas com nível educacional mais baixo, completou Correa.
Finalmente, a missão destacou a tranquilidade em que as eleições ocorreram, ao indicar que "os atos terroristas foram reduzidos em 86% e a violência política, em 100%".