Agência France-Presse
postado em 16/03/2010 21:07
O presidente do México, Felipe Calderón, pediu nesta terça-feira aos Estados Unidos que dividam a responsabilidade do combate ao crime organizado e ao narcotráfico, em um encontro realizado em Ciudad Juárez, onde, no sábado, uma funcionária americana e seu marido foram assassinados.
"É indispensável que o combate ao crime organizado se assuma plenamente como uma responsabilidade compartilhada entre os Estados Unidos e o México, cada qual em seu território e cada um no âmbito de sua competência", sustentou o presidente, durante sua terceira visita em um mês à cidade mais perigosa do México.
A violência que assola Ciudad Juárez "tem sua origem no consumo de drogas dos Estados Unidos e nas armas que ingressam no México a partir desse país", afirmou Calderón, acompanhado do embaixador dos EUA, Carlos Pascual.
Entre os pontos que ambos os governos devem colaborar estreitamente, o presidente destacou "a informação, a inteligência e as políticas públicas".
A visita de Calderón já estava agendada desde a última semana, mas ganhou uma importância maior após o assassinato, no último sábado, da funcionária do consulado americano Lesley A. Enriquez e de seu marido, ambos cidadãos americanos, em um ataque do grupo criminoso "Los Aztecas" contra o carro do casal, que viajava com a filha de um ano.
Simultaneamente, "Los Aztecas" mataram o mexicano Jorge Alberto Salcido, marido de outra funcionária consular, e feriram dois filhos do casal, de 4 e 7 anos.
"Los Aztecas", uma quadrilha criada nos anos 80 por detentos mexicanos nas prisões americanas, se transformou nos últimos anos em um verdadeiro exército de rua do Cartel de Juárez.
México e Estados Unidos já anunciaram um trabalho conjunto para solucionar os casos e uma equipe do FBI (polícia federal americana) se encontra na cidade desde o fim de semana investigando os crimes.
Ciudad Juárez, que tem mais de 1,3 milhão de habitantes, é vizinha a El Paso, no Texas, e enfrenta uma onda de violência ligada ao tráfico de drogas que deixou 2.660 mortos em 2009.
De acordo com o porta-voz do departamento de Estado dos EUA, Philip Crowley, a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, e a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, concordaram em "trabalhar estreitamente na investigação do crime e no apoio ao México neste tremendo esforço para melhorar suas instituições" de segurança.