Agência France-Presse
postado em 19/03/2010 08:26
O Quarteto para o Oriente Médio se esforçou nesta sexta-feira (19/3) em Moscou para reativar as paralisadas negociações de paz entre Israel e os palestinos, ao exortar o governo de Benjamin Netanyahu a interromper a colonização na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
[SAIBAMAIS]O grupo, formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU, pediu a Israel o "cessar" de todas as atividades de colonização e se declarou "profundamente preocupado" com a situação em Gaza, em um comunicado lido pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
"O Quarteto urge ao governo de Israel o congelamento de todas as atividades de assentamento, incluindo (as destinadas ao) crescimento demográfico natural, o fim dos postos avançados edificados desde março de 2001 e a evitar as demolições e desalojamentos em Jerusalém Oriental", afirma o texto.
O grupo já condenara na semana passada o anúncio de Israel de autorização para a construção de 1.600 novas casas no setor oriental anexado de Jerusalém.
A declaração também manifesta preocupação com a situação de Gaza. "O Quarteto está profundamente preocupado com a contínua deterioração em Gaza, em particular a situação humanitária e dos direitos humanos da população civil, e insiste na urgência de uma solução duradoura à crise de Gaza".
A Faixa de Gaza, uma área empobrecida onde vivem 1,5 milhão de habitantes, sofre um bloqueio de Israel e do Egito desde que o movimento radical Hamas assumiu o controle da área em 2007 e tenta se recuperar da ofensiva de três semanas executada por Israel, entre o fim de 2008 e o início de 2009, para impedir os disparos de foguetes contra seu território.
O Quarteto manifestou o desejo de que as negociações entre Israel e a Autoridade Palestina (que controla a Cisjordânia) alcancem um acordo em um prazo de 24 meses, assumindo a proposta feita em janeiro pelo negociador americano George Mitchell.
"O Quarteto acredita que estas conversações deveriam levar a um acordo negociado entre as partes dentro de 24 meses", declarou Ban.
"O acordo acabaria com a ocupação que começou em 1967 e resultaria no surgimento de um Estado palestino independente, democrático e viável, que viveria lado a lado e em paz e segurança com Israel e os outros vizinhos", afirma o texto lido pelo secretário-geral.
A reunião teve as presenças da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, do chanceler russo Serguei Lavrov, da chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton, além do secretário-geral da ONU e do representante do Quarteto, o ex-premier britânico Tony Blair.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, aumentou um pouco depois a pressão sobre o governo de Netanyahu, ao expressar em Londres uma "séria preocupação" com a decisão israelense de ampliar a colonização em Jerusalém Oriental.
Em Ramallah (Cisjordânia), o negociador palestino Saeb Erakat celebrou o pedido do Quarteto sobre o fim da colonização e pediu ao grupo a criação de "mecanismos vinculantes para que Israel cumpra os compromissos".
Depois de 15 meses de bloqueio, as negociações entre Israel e os palestinos estavam a ponto de ser retomadas na semana passada com a mediação dos Estados Unidos.
Mas o anúncio de novas construções, durante a visita a Israel do vice-presidente americano Joe Biden, provocou a retirada das conversações dos palestinos e a irritação dos Estados Unidos, principal aliado israelense.
Apesar da situação, Hillary Clinton reiterou nesta sexta-feira a "solidez" das relações dos Estados Unidos com Israel e qualificou de "útil e produtiva" a conversa telefônica que teve na quinta-feira com Netanyahu.
O premier israelense teria sugerido durante a conversa, segundo colaboradores, "medidas destinadas a estabelecer um clima de confiança entre israelenses e palestinos".
Hillary informou ainda que se reunirá com Netanyahu na próxima semana em Washington, onde o primeiro-ministro deve participar no congresso anual do AIPAC, o principal grupo de lobby judaico nos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, o negociador americano George Mitchell voltará à região no fim de semana para reuniões com Netanyahu e com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.