Agência France-Presse
postado em 23/03/2010 13:37
O presidente Barack Obama promulgou nesta terça-feira (23/3) a reforma do sistema de saúde dos Estados Unidos, iniciando, em seguida, uma nova batalha com os adversários republicanos que promete ser feroz, a sete meses das eleições legislativas de metade do mandato.
[SAIBAMAIS]Obama assinou o texto durante cerimônia solene no famoso "East Room" da Casa Branca, depois de pronunciar um discurso. Mas, antes mesmo de entrar em vigor, a lei vem sendo contestada no campo jurídico, além do político.
O texto, que garantirá cobertura médica a 32 milhões de americanos que estavam fora do sistema, foi aprovada domingo pela Câmara de Representantes durante votação histórica, por 219 votos contra 212, após meses de difíceis negocições no Congresso e depos de ter passado em dezembro pelo Senado.
Mas a reforma é considerada muito cara pelos republicano, que pensam fazer deste assunto sua aposta na campanha para as eleições de novembro, que vão renovar o conjunto da Câmara de Representantes e um terço do Senado.
Mas a Casa Branca se diz disposta a enfrentá-los. "Cada democrata fará sua campanha com orgulho, declarou nesta terça-feira o principal assessor de Obama, David Axelrod. "Todos os adversários à reforma deverão dizer 'sim, vou privar esta criança doente de seu plano de saúde'", prosseguiu Axelrod no canal ABC.
De olho nas eleições de metade do mandato, a partir de quinta-feira, Barack Obama deve fazer uma primeira viagem a Iowa (centro), onde tentará convencer os mais céticos sobre a necessidade de aprovação desse verdadeiro arsenal legislativo que se tornou impopular, mas também evitar que os republicanos ocupem a mídia com seus argumentos contra a reforma da saúde.
De política, a batalha, também, pode ser travada no judiciário, após o anúncio de que cerca de dez Estados americanos em 50 preveem contestar a reforma, porque a consideram inconstitucional, ao mesmo tempo em que o lobby das seguradoras não ficará do lado dos candidatos democratas durante a campanha.
Em relação a possíveis ataques na justiça, o porta-voz da Casa Branca se disse sereno. Estas tentativas "não terão sucesso", prevê o porta-voz Robert Gibbs lundi.
Em 14 meses de poder, o percentual das pessoas satisfeitas com o governo Obama chega a 47,4%, segundo a média obtida nas últimas pesquisas, compiladas pelo site independente RealClearPolitics).
O presidente poderá contar, também, com a tomada de consciência por parte dos americanos em relação aos benefícios da lei, e apontar as incoerências nos discursos de seus adversários.
Um possível candidato à indicação republicana para a presidencial de 2012, Mitt Romney, disse desejar que a lei seja anulada, afirmando que "os Estados Unidos acabam de assistir a um incrível abuso de poder". "O presidente Obama traiu seu juramento", afirmou.
Mas os democratas já denunciaram que Romney, ex-governador du Massachusetts (nordeste), defendeu em seu Estado um sistema de assistência à saúde que se parece muito com o que Barack Obama conseguiu aprovar.