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Durante visita do casal real da Suécia a Brasília, Lula diz que conta da compra dos caças ficará para o sucessor

postado em 25/03/2010 02:43
Após ouvir o rei da Suécia, Carl XVI Gustaf, reafirmar, durante encontro no Itamaraty, as vantagens da proposta do avião Gripen NG, que o país tenta vender ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que ainda não tomou uma decisão sobre a compra dos caças. Lula disse ainda que, por se tratar de um tema estratégico e por envolver uma grande quantia de dinheiro, uma decisão como essa não pode ficar ;à mercê de especulação política; em um ano eleitoral. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que também esteve no almoço oferecido à realeza sueca, esclareceu que ainda está esperando um documento da Suécia para finalizar o seu relatório, que apontará um escolhido, e enviá-lo ao presidente. Lula, por sua vez, afirmou que convocará o Conselho de Defesa antes de anunciar a proposta vencedora.

;Eu tenho apenas que ter um cuidado necessário, porque nós estamos em um ano atípico, que é um ano eleitoral. É preciso ter muito cuidado, muito bom senso. Nós queremos conversar com todos os setores da sociedade;, disse Lula, acrescentando que só depois a decisão será tomada, ;sem nenhum nervosismo ou trauma;. O presidente ainda garantiu que terá mais ;cuidado e responsabilidade; porque a compra não será paga no seu governo.

;Cada um vai falando, a gente vai aprendendo, vai vendo, quem sabe os preços vão caindo e, quem sabe, as coisas vão melhorando;, disse. ;De qualquer forma, todo mundo já sabe o que nós queremos: ter tecnologia, fabricar o avião no Brasil e que o Brasil seja, inclusive, exportador desses aviões.; Em seu discurso, no entanto, o rei Carl Gustaf se limitou a dizer que a delegação estava ansiosa ;com uma possível cooperação entre os dois países no campo da aeronáutica;.

Já se passaram mais de seis meses desde que Lula anunciou, ao lado do colega francês, Nicolas Sarkozy, que começaria a negociar a compra dos caças Rafale ; os franceses disputam com o Gripen NG e com o norte-americano F-18 Super Hornet a concorrência FX-2 da Força Aérea Brasileira (FAB). A antecipação do presidente gerou um mal-estar com a Aeronáutica e o governo recuou, aceitando novas ofertas de todos os três concorrentes. Ainda não há prazo para que a decisão seja anunciada.

Imprevisível
Antes de o rei Carl conversar com o presidente Lula sobre os caças, o presidente executivo da Saab (que participa, com o Gripen NG, da concorrência), Ake Svensson, disse que, por se tratar de uma decisão política, é ;muito difícil prever o resultado;. O executivo afirmou que o caça sueco ficou em primeiro lugar no relatório inicial da FAB, mas reconheceu que isso pode não ser suficiente para garantir o negócio.

Além da concorrência FX-2, o rei, que veio ao Brasil acompanhado da rainha Silvia, de dois ministros e de uma delegação com 40 industriais, assinou a criação de um Conselho Empresarial entre os dois países. No início da manhã, o casal real foi recebido no Congresso (1) pelos presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara, Michel Temer, e no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo ministro Gilmar Mendes. À tarde, os visitantes participaram de um encontro, no Ministério da Justiça, com lideranças indígenas. Hoje, seguem para São Paulo e São José dos Campos, onde visitarão a sede da Embraer. No fim de semana, o casal real fará uma viagem ao Amazonas.

1 - Susto sueco
Enquanto o rei e a rainha da Suécia eram recebidos no Salão Nobre do Congresso pelos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, um protesto de estudantes do lado de fora chamou a atenção da delegação e da imprensa sueca. Por um momento, os visitantes acharam que a manifestação, que pedia a destinação de 50% dos recursos do fundo do pré-sal para a educação, poderia ter alguma relação com a presença dos monarcas em Brasília. Como o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), se limitou a dizer que a manifestação era uma ;demonstração da democracia brasileira;, a dúvida sobre uma possível associação ficou no ar.

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