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Roupas de crianças mortas em guerra no Peru expostas para reconhecimento

Agência France-Presse
postado em 25/03/2010 16:17
Peças de vestuário de 30 pessoas, entre elas de 25 crianças que teriam sido assassinadas em 1983 por militares durante o conflito contra a guerrilha do Sendero Luminoso (SL), estão em exibição nesta quinta e sexta-feira para que sejam reconhecidas pelos familiares das vítimas, informou a promotoria de Huamanga (sudeste).

A exibição se realiza no laboratório de medicina da promotoria de Huamanga e visa acelerar a investigação sobre os 30 restos humanos exumados em três valas comuns, encontradas em dezembro de 2009 a 60 metros da escola do povoado andino de Umasi, 600 km a sudeste de Lima.

Além das peças infantis, constam da coleção as de 5 adultos, que foram recuperadas junto com restos ósseos, em um caso que teve pouca divulgação.

Cerca de 50 familiares assistem à exibição para tentar descobrir se as peças correspondem às dos seus parentes falecidos. Eles devem levar amostras de DNA que permitam identificar as vítimas, caso alguma peça seja reconhecida.

Entre as peças estão pedaços de sapatos, cintos e roupas que, no caso das crianças, com idades entre 12 e 13 anos, são de uniformes escolares, informou a promotoria.

Segundo testemunhas, a guerrilha invadiu o povoado andino de Raccaya em outubro de 1983 e sequestrou 40 pessoas, a maioria estudantes. Depois de caminhar durante 10 horas, o grupo armado e seus reféns chegaram à escola de Umasi, onde se refugiaram.

Advertidos pela população sobre a presença dos guerrilheiros, os militares chegaram até a escola e lançaram granadas contra ela.

A guerra civil que o Peru viveu entre 1980 e 2000 deixou 70.000 mortos, segundo a Comissão da Verdade e Reconciliação, que calculou em 4.000 o número de cemitérios clandestinos em todo o país.

Huamanga é capital de Ayacucho, uma das regiões mais pobres do Peru e berço do Sendero Luminoso, em 1980.

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