Agência France-Presse
postado em 26/03/2010 13:15
O Vaticano desmentiu nesta sexta-feiras (26/3) as informações publicadas pelo jornal New York Times, que afirmam que o cardeal Joseph Ratzinger, atual Papa, não fez nada para impedir em 1980 que um padre acusado de pedofilia retomasse o sacerdócio em uma outra paróquia na Alemanha, um dia depois de revelar um caso parecido ocorrido nos Estados Unidos.
[SAIBAMAIS]"O artigo do New York Times não possui informações novas. O arcebispo (de Munique) confirma que o então arcebispo (Joseph Ratzinger) não estava a par da decisão de reintegrar o padre H. nas atividades pastorais da paróquia", afirma o Vaticano em um comunicado.
"São rejeitadas todas as demais versões como resultado de especulações", afirma a nota oficial do porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombari.
O Vaticano recordou que o vigário geral na época, monsenhor Gerhard Gruber, assumiu a "plena responsabilidade" das decisões equivocadas tomadas nessa época, conclui o comunicado.
Segundo o jornal, no final de 1979 em Essen, Alemanha, o padre Peter Hullermann foi suspenso após várias queixas de pais que o acusavam de pedofilia. Uma avaliação psiquiátrica ressaltou os instintos pedófilos, indica o diário americano.
Algumas semanas depois, em janeiro de 1980, o cardeal Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, que era na época arcebispo de Munique, dirigiu uma reunião durante a qual a transferência do padre de Essen para Munique foi aprovada. O futuro pontífice recebeu alguns dias depois uma nota na qual foi informado de que o padre Hullermann havia retomado o serviço pastoral.
Em 1986, este padre foi declarado culpado de ter agredido sexualmente meninos em uma outra paróquia de Munique.
Nesta semana, novas acusações de pedofilia vieram à tona, envolvendo o início e o fim de seu sacerdócio.
Pelo segundo dia seguido o New York Times revela documentos comprometedores para o Vaticano. Na quinta-feira, o jornal revelou que o futuro Papa Bento XVI havia acobertado abusos sexuais de um padre americano, acusado de ter abusado de 200 crianças surdas de uma escola do Wisconsin (norte dos Estados Unidos).
O Vaticano saiu em defesa do Papa afirmando que ele só teve conhecimento dos fatos quando era tarde, quando o idoso sacerdote já estava muito doente.