Agência France-Presse
postado em 27/03/2010 11:56
BAGDA - O vencedor das eleições legislativas iraquianos, o laico Iyad Allawi, iniciou neste sábado (27/3) as negociações com os outros partidos políticos para formar um goveno forte no Iraque."Até o momento foram realizadas conversações. As negociações começam agora depois do anúncio dos resultados. O diálogo transcorre com as diferentes forças políticas sem exceção", afirmou.
Ex-primeiro-ministro, Allawi venceu as eleições legislativas iraquianas de 7 de março passado, conquistando 91 cadeiras no Parlamento, enquanto que seu adversário, o atual primeiro-ministro Nuri al Maliki, obteve 89, segundo os resultados oficiais comunicados nesta sexta-feira pela comissão eleitoral.
A Aliança Nacional Iraquiana (ANI), que reúne vários partidos religiosos xiitas, ficou em terceiro lugar, com 70 cadeiras. A Aliança do Curdistão, união dos dois grandes partidos curdos, obteve 43 cadeiras.
A Assembleia, que tem 325 assentos, será completada por deputados de diversas minorias.
Em uma primeira reação, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley, classificou o final do processo eleitoral no Iraque de "etapa significativa" para o desenvolvimento da democracia no país.
O enviado especial da ONU para o Iraque, Ad Melkert, afirmou que as eleições legislativas de 9 de março foram "confiáveis", completando que houve "êxito", e pediu que os diferentes candidatos "aceitem seus resultados".
"A opinião da ONU é que essas eleições foram confiáveis, e felicitamos o povo iraquiano por isso", declarou Melkert em coletiva de imprensa.
O enviado especial da ONU pediu que todos os partidos políticos que participaram das eleições "aceitem o resultado".
No entanto, Nuri al-Maliki recusou-se a reconhecer sua derrota, alegando que os resultados anunciados não são definitivos.
Iyad Allawi, por sua vez, declarou que vai trabalhar "com todos os partidos" para formar um governo em breve.
Maliki e Allawi, ambos xiitas, embora o segundo seja laico e em seu bloco conte, também, com a participação de candidatos sunitas, disputam voto a voto desde o início da apuração.
A lentidão do processo, devido, segundo a comissão aos diversos níveis de verificação dos resultados, provocou acusações de fraude e de manipulações de quase todos os partidos na disputa.
Se a AED persistir em rejeitar os resultados alegando irregularidades, o país poderá mergulhar em uma grave crise e prolongar a duração de um vazio político propício à violência.
Seja como for, a formação do novo governo levará várias semanas ou, inclusive, meses.
O vencedor não possui a maioria absoluta no Parlamento para formar sozinho o próximo gabinete, e terá que realizar difíceis negociações com os outros partidos para formar uma coalizão.
Um clima de tensão se instaurou no país, onde os partidários de Maliki intensificaram nos últimos dias as manifestações para pedir uma nova apuração, recorrendo inclusive a ameaças veladas de ações futuras.
O próprio Maliki mencionou a violência ao defender a ideia de uma nova apuração para "impedir uma degradação da segurança e um retorno à violência".
A comissão eleitoral rejeitou seu pedido, considerando que as acusações de fraude não têm fundamento. Indicou, no entanto, que poderá realizar uma recontagem em alguns centros de votação, caso os partidos políticos apresentem solicitações.
O parlamento iraquiano tem 325 cadeiras, oito das quais estão reservadas às minorias cristã, yazidia, sabeana e shabaka. Esta é a composição da nova câmara surgida das legislativas de 7 de março:
NOME DA LISTA CADEIRAS
Bloco iraquiano (Iyad Allawi) 91
Aliança do Estado de Direito (Nuri al Maliki, 89
xiita)
Aliança Nacional Iraquiana (xiitas religiosos) 70
Curdistania (UPK, PDK, curdos) 43
Goran (partido curdo dissidente) 8
Frente da Concórdia (sunitas) 6
Aliança da Unidade Iraquiana (Jawad Bolani, misto) 4
União Islâmica do Curdistão, islamitas 4
Jamaa Islamiya, islamitas curdos 2
MINORIAS
Lista Rafidain (cristão) 3
Conselho Popular Caldeu (cristãos) 2
Movimiento Yazidi pela Reforma e Progresso 1
Sabeanos 1
Shabaks 1