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Habsburgo quer disputar presidência da Áustria

Agência France-Presse
postado em 29/03/2010 21:15
Ulrich Habsburg-Lothringen, descendente do último imperador da Áustria e membro do Partido Verde, começou uma batalha jurídica para disputar a Presidência da República, cargo ao qual os membros da dinastia não podem aspirar desde 1919.

"Sou um austríaco desfavorecido pelos genes", diz, em tom de brincadeira, este homem de 68 anos, em alusão às eleições de 25 de abril. "Isto nos faz austríacos de segunda clase", acrescentou.

Ulrich não pode aspirar ao cargo por ser sobrinho em terceiro grau de Otto Habsburg - filho do último imperador austro-húngaro - e bisneto do Grão-duque Fernando IV da Toscana, devido a uma proibição imposta a todos os membros e descendentes de famílias que reinaram no país.

A chamada Lei Habsburgo foi adotada em 1919, após o colapso do Império Austro-húngaro, ao final da Primeira Guerra Mundial e da proclamação da Primeira República, em 1918. Com esta lei, os partidos políticos queriam impedir que os soberanos depostos tentassem desestabilizar a jovem república.

Foi durante uma festa de família em que fotografou todos os convidados que teve a ideia de questionar a lei. Todos os presentes, inclusive seus três filhos e seis netos, têm sangue imperial correndo nas veias. "Os austríacos têm mais medo dos Habsburgo do que dos nazistas", afirmou em entrevista à AFP, destacando que os descendentes dos seguidores de Hitler não têm quaisquer restrições.

"Que crime cometeram meus netos para que tenham negado o direito de se candidatarem se quiserem? Minhas noras, por terem se casado com um Habsburgo, tampouco poderiam fazê-lo", acrescentou.

Doutor em silvicultura, Ulrich foi, durante muito tempo, vereador da cidade de Wolfsberg, na Carinthia (sudeste), e se apresenta como um defensor dos direitos das minorias. Graças ao cargo que ocupou, ele impulsinou o projeto de um monumento em memória aos judeus vítimas da Segunda Guerra Mundial na província, governada atualmente pela extrema direita.

Militante ecologista desde 1987, Ulrich renunciou no ano passado ao cargo de vereador para tentar disputar a Presidência. Só conseguiu reunir 4.000 das 6.000 assinaturas que precisava para se inscrever candidato, apesar do amplo apoio recebido do movimento monarquista.

Republicano convicto que se sente mais envergonhado do que orgulhoso do apoio dos setores pró-monarquia, Ulrich tentou que a coalizão de esquerda e direita no poder modificassem a Constituição. No entanto, os social-democratas se opuseram, temerosos de que os Habsburgo começassem a reivindicar os bens que lhes foram confiscados há quase um século. "Pessoalmente, não penso que a República tenha me confiscado nada", assegurou, afirmando que sua luta jurídica se limita ao direito de participar como candidato à Presidência.

O Conselho Constitucional, cuja opinião Ulrich pediu, rejeitou sua demanda, deixando entrever que poderia ser reexaminada após as eleições, que muito provavelmente serão vencidas pelo atual presidente social-democrata, Heinz Fischer.

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