Agência France-Presse
postado em 01/04/2010 15:27
Os católicos lembram nesta sexta-feira o quinto aniversário da morte do papa João Paulo II, o pontífice mais popular da era moderna e candidato à santidade.
Nenhuma cerimônia será celebrada em seu nome nesse dia, já que o aniversário cai na Sexta-feira Santa, único dia do ano em que a Igreja Católica não realiza missa.
Na última segunda-feira, com uma missa solene na Basílica de São Pedro, seu sucessor, amigo e colaborador Bento XVI fez uma homenagem a João Paulo II, recordando sua "fé indestrutível", "sua generosidade e entrega" aos demais.
O primeiro Papa polonês da história continua suscitando veneração entre os fiéis, que costumam deixar centenas de cartas em seu túmulo, na cripta de São Pedro, no Vaticano.
"É um mito, um amigo, o Papa mais especial do mundo", afirma um dos bilhetes, que faz parte de um livro lançado recentemente na Itália com o título "Querido senhor Papa", que testemunha o desejo de muitos católicos de falar com ele "como se estivesse vivo".
Muitos católicos em todo o mundo esperavam que o chamado Papa "viajante", "andarilho da fé", que se comunicava com facilidade com as massas, alcançasse a glória dos altares antes do quinto aniversário de sua morte.
O pedido da multidão no dia de seu funeral, em abril de 2005, ao gritar "santo subito" (santo já), foi acolhido por Bento XVI que, graças a uma dispensa papal, abriu o processo antes que passassem os cinco anos da morte exigidos pelo Código Canônico.
Eleito em 16 de outubro de 1978 e morto em 2 de abril de 2005 depois de uma longa doença acompanhada pelo mundo inteiro passo a passo, João Paulo II foi proclamado "venerável" em dezembro de 2009.
Tal reconhecimento, chave para alcançar a beatificação, esperada para este ano, foi atrasado pela proclamação do controvertido papa Pio XII, questionado por seu silêncio durante o genocídio promovido pelos nazistas.
Apesar de diversos milagres terem sido atribuídos a João Paulo II, que morreu por conta do mal de Parkinson, o "milagre" selecionado e apresentado à Congregação para a Causa dos Santos ainda deve passar por uma comissão médica, assim como por teólogos, bispos e cardeais.
O caminho rumo à beatificação, primeiro passo para a canonização, requer uma prova de que um milagre aconteceu, o que é um processo longo e complicado.
Uma série de dúvidas acerca do milagre atribuído a João Paulo II, divulgados pela imprensa polonesa e italiana, asseguram que o caso da freira francesa Marie Simon-Pierre, diagnosticada com o mal de Parkinson, que se curou inexplicavelmente em junho de 2005 por intervenção do Papa polonês, poderá não ser aceito.
O Vaticano não se pronunciou sobre as dúvidas, mas lembrou que se trata de um processo com muitas etapas e no qual várias comissões científicas intervêm.
Veículos da imprensa italiana sustentam há alguns meses que a cerimônia será celebrada no Vaticano em 16 de outubro de 2010, 32 anos depois de sua eleição como primeiro Papa polonês da história.
No entanto, o recente anúncio feito pelo Vaticano da celebração de outras seis canonizações em 17 de outubro e os problemas com o milagre de João Paulo II deverão atrasar a esperada beatificação.