Agência France-Presse
postado em 02/04/2010 08:46
- Israel ameaçou nesta sexta-feira com uma nova grande ofensiva contra a Faixa de Gaza, horas depois de executar vários ataques aéreos, que deixaram três crianças feridas, em represália ao lançamento de foguetes a partir deste território palestino.O vice-premier israelense, Sylvan Shalom, advertiu que o Exército atacará Gaza, controlada pelo grupo radical Hamas, caso o movimento islamita prossiga com os lançamentos de foguetes contra o Estado hebreu.
"Se os foguetes contra Israel não cessarem, me parece que vamos ter que elevar o nível de nossa atividade e intensificar nossas ações contra o Hamas", declarou Shalom à rádio pública.
"Não permitiremos outra vez que as crianças sejam aterrorizadas nos abrigos e, por isto, seremos obrigados a lançar uma nova operação militar", advertiu.
"Espero que possamos evitar, mas é uma das opções que nos resta e, se não tivermos outra, a utilizaremos no futuro", acrescentou.
Caças F16 israelenses executaram seis ataques na madrugada desta sexta-feira contra a Faixa de Gaza. Três crianças ficaram feridas, de acordo com fontes médicas e o Hamas.
As crianças palestinas, de dois, quatro e 11 anos, foram feridas depois que várias janelas quebraram em um dos ataques, segundo Moawiya Hasanein, coordenador dos serviços palestinos de emergência em Gaza.
"Pedimos a intervenção da comunidade internacional para acabar com esta escalada e com a agressão israelense", pediu nesta sexta-feira o primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyeh.
Após as incursões israelenses contra a Faixa de Gaza, os Estados Unidos chamaram israelenses e palestinos a privilegiar o diálogo, destacando que não pode haver uma "solução militar" para o conflito.
"Os israelenses têm o direito à auto-defesa. Ao mesmo tempo, como já dissemos em várias ocasiões, não acreditamos que no fim das contas haja uma solução militar" para o Oriente Médio, disse a jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley.
"Nossa mensagem continua consistindo em dizer aos israelenses e aos palestinos que precisamos que mantenham discussões estreitas, nos concentrarmos no fundo do problema, nos dirigirmos para negociações diretas para chegarmos, finalmente, a um acordo que ponha fim ao conflito de uma vez por todas", acrescentou.
O governo da Grã-Bretanha manifestou preocupação com os ataques e moderação a israelenses e palestinos.
"Estamos preocupados com os ataque de hoje e a escalada da violência em Gaza e no sul de Israel durante a semana passada", destacou um comunicado do Foreign Office.
A França, por sua vez, pediu a "todas as partes" que "deem prova de responsabilidade" e tomem as medidas "necessárias para estabelecer a confiança".
Três dos ataques israelenses desta sexta-feira tiveram como alvo um setor a oeste de Khan Yunis (sul). Dois mísseis atingiram um acampamento de combatentes do braço armado do Hamas.
Um quarto ataque destruiu uma oficina mecânica em um acampamento de refugiados em Nusseirat (centro).
Os aviões israelenses também realizaram ataques a oeste da cidade de Gaza, em particular contra uma leiteria, que ficou completamente destruída, segundo testemunhas.
Segundo o exército israelense, os ataques aéreos tiveram como alvo "duas oficinas de fabricação e dois depósitos de armas".
As incursões aconteceram depois de vários disparos de foguetes palestinos nos últimos dias a partir de Gaza. Na quinta-feira à noite, um deles caiu na cidade israelense de Ashkelon, provocando danos materiais, mas não vítimas.
Cerca de 20 foguetes foram lançados contra Israel no último mês, e 40 desde o início do ano. Um dos projéteis matou em 18 de março um trabalhador agrícola tailandês de um kibutz (fazenda coletiva). Este foi o incidente mais grave desde que Israel executou uma ofensiva de 22 dias entre o fim de 2008 e início de 2009 contra a Faixa de Gaza.
A ofensiva, que pretendia deter os ataques com foguetes, terminou com mais de 1.400 palestinos mortos e 13 do lado israelense.
O aumento dos ataques com foguetes e as resposta israelenses acontecem em um momento de tensão crescente na região, particularmente pelos temores palestinos de que Israel tente ampliar o controle em Jerusalém Oriental, majoritariamente árabe, mas anexada unilateralmente pelo Estado hebreu após a guerra árabe-israelense de 1967.
Violentos confrontos no fim de semana passado em Khan Yunes, na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, terminaram com a morte de dois soldados israelenses e de dois palestinos.
Na terça-feira, um adolescente de 15 anos morreu e 10 palestinos foram feridos por disparos israelenses em Gaza, durante a celebração do "Dia da Terra", data em que os palestinos lembram as expoliações de terras árabes.